Brasília – Para mães, pais e responsáveis por alunos, os gastos tradicionais com matrículas, mensalidades, materiais escolares e demais custos relacionados à educação no início do ano chegam com reajustes acima da média da inflação. O fenômeno é mundial e reflete efeitos da pandemia de COVID-19, de acordo com André Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Normalmente, o aluno se adapta a uma metodologia de ensino, e troca pouco de escola. Por isso, os pais acabam se sujeitando a aumentos que vão acima da média”, analisa. Ele destaca que os reajustes acima da inflação são uma tendência mundial. “Não vejo nenhuma estratégia perversa das escolas em quererem recuperar o tempo perdido. Elas cobraram menos na pandemia, porque sua estrutura de custos também foi reduzida, então, proporcionalmente, diante do que pôde ser economizado, os alunos também receberam algum benefício pelo ensino a distância”, explica.
O maior custo para as escolas costuma ser a folha de pagamento dos funcionários. Com o reajuste salarial seguindo a inflação, o aumento dessa despesa torna-se considerável. “Junto a isso, existem outros itens que aumentaram com a pressão inflacionária. Em 2020, as escolas foram obrigadas a manter e até mesmo reduzir os valores de mensalidades e, agora, passado esse impacto inicial da pandemia, devem, agora, tentar repor a margem de lucro”, observa o economista e empresário José Kobori.
Ainda em relação a gastos atrelados à educação, um dos mais expressivos é a compra de material escolar. Itens como cadernos, mochilas e livros didáticos devem ter acréscimo de cerca de 30%, segundo estimativa da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae). Isso ocorre porque diversas matérias-primas necessárias para a produção dos materiais escolares ficaram mais caras por causa da valorização do dólar.
Como estratégia para reduzir gastos, André Braz, da FGV, recomenda o reaproveitamento do material do ano anterior. “Lapiseiras, canetas, borrachas, até mesmo cadernos que estejam em boas condições de uso podem ser reaproveitados”, enfatiza o especialista. Braz também sugere evitar materiais de marcas associadas a personagens de histórias infantis ou personalidades, pois envolvem custo extra de direitos autorais. “Escolher material mais genérico e propor ao aluno que customize o próprio material é um estímulo à criatividade”, diz o economista.