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Estado de Minas RECORDE

Café orgânico mineiro premiado vale 25 vezes mais que o preço normal

Lote com três sacas é arrematado por R$ 55 mil; produtor do Triângulo comemora 1º lugar em concurso e conta como, por acaso, acabou apostando no grão orgânico


04/02/2022 19:06 - atualizado 08/02/2022 12:52

Vista aérea de plantação de café
Bartholo obteve em 2018 a certificação de café orgânico para suas fazendas e, a partir daí, passou a comercializar os grãos como tal (foto: Leandro Souza/Divulgação)
Um lote de café orgânico produzido em Patrocínio, no Alto Paranaíba, foi um dos grandes destaques no 9º Prêmio Região do Cerrado Mineiro. Além de vencer a categoria Cereja Descascado da Região do Cerrado Mineiro, três sacas do grão foram leiloadas por R$ 55 mil, cada. O valor é 25 vezes maior que de um lote vendido normalmente.
 
O café das três fazendas de Ricardo dos Santos Bartholo, produtor há 34 anos, nem sempre foi orgânico. Há cerca de cinco anos, o empresário começou a fazer mudanças gradativas em sua plantação de café tradicional, com o objetivo de diminuir os impactos das pragas na lavoura e os custos. 
 
"Nunca me vi como um produtor orgânico, não passava pela minha cabeça. Acabei enveredando para esse lado por causa dos custos da produção, fui tentando diminuir um pouco", diz Bartholo.
 
O produtor conta que começou acrescentando a palha e esterco na lavoura e teve um adubo final superior à adubação química. "Meu café foi respondendo de forma incrível a essa mudança, se mostrando mais forte e resistente sem o uso da química." 
 
Com a consultoria de uma empresa especializada, ele decidiu investir cerca de R$ 1 milhão nesta adubação, e o próprio café foi respondendo, desfolhando menos, apresentando menos perdas de uma colheita para outra. O investimento seguiu com uma empresa de compostagem, que sugeriu enriquecer o composto, aumentando a biodiversidade da microbiologia no solo. 
 
"Logo me vi substituindo os defensivos químicos por defensivos biológicos e já tinha feito isso com o adubo. Apesar disso, ainda não me enxergava como produtor de café orgânico, até que um colega falou que eu já estava produzindo orgânicos, só não tinha a certificação", conta. 
 
Ricardo Bartholo em meio à plantação de café
Ricardo Bartholo é produtor há 34 anos e se sente realizado por suas fazendas se tornarem exemplo de produção sustentável (foto: Arquivo pessoal)
Bartholo passou a visitar outros produtores com fazendas orgânicas e percebeu como o mercado era positivo tanto nos lucros, quanto na procura dos consumidores. Então, entendendo cada vez mais sobre o processo e seus impactos positivos na lavoura, o empresário montou uma biofábrica em uma de suas fazendas com uma linha de tratamento de biológicos profissional, que pulveriza produtos biológicos ao composto que ele já usava. 
 
Em 2018, a certificação de café orgânico foi solicitada e, assim que o produtor obteve aprovação, os grãos passaram a ser comercializados como tal.

Surpresa com o prêmio


Em dezembro de 2021, na 9º edição do Prêmio Região do Cerrado Mineiro, o produtor concorreu e ganhou primeiro lugar na na categoria Cereja Descascado da Região do Cerrado Mineiro. 
 
"Um dos lotes foi escolhido como o melhor café, entre mais de 300 amostras. Isso me deu até uma comprovação do que me falavam, que se eu substituísse os adubos químicos a bebida do café ia melhorar", afirma o empresário.
 
Feliz com a conquista, ele se diz surpreso, pois nunca tinha recebido o prêmio de 1º lugar em uma grande competição. "Sou produtor há 34 anos, já tinha disputado outros concursos, mas nunca tirei primeiro lugar num concurso regional grande. Foi uma grata surpresa e um adicional ao trabalho de melhoria e sustentabilidade do meu negócio."
 
"Para a minha maior surpresa ainda, houve um leilão após a premiação e um lote meu foi leiloado por um valor recorde. Acho que em partes pela pontuação que tinha recebido anteriormente", afirma.
 
O lote vendido contém cinco sacas de café. Geralmente, cada saca orgânica é vendida por cerca de R$ 2 mil a R$ 2.500, mas, no leilão, três sacas foram compradas por R$ 55 mil, cada, e as outras duas sacas por R$ 52 mil, cada. 
 
"Acho que essa trilha do café que estou fazendo agora está inspirando os produtores. Já existem outros aqui na região seguindo esse caminho e começando uma plantação mais sustentável. Fico muito feliz de ser uma espécie de exemplo a ser seguido", comemora Bartholo.
 
*Estagiária sob supervisão


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