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Estado de Minas RECUPERAÇÃO

Empresas prestadoras de serviços dão a volta por cima da crise e crescem

Puxado pelo bom resultado dos transportes, das comunicações e tarefas profissionais, expansão do setor alcança 10,9% em 2021


11/02/2022 04:00 - atualizado 11/02/2022 07:37

Salão de beleza instalado em Belo Horizonte
IBGE vê cenário de crescimento das empresas prestadoras de serviços, que, em alguns casos, já superam o nível de atividade anterior à ação do coronavírus (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 23/9/21)
Brasília – O setor de prestação de serviços cresceu 10,9% em 2021, após ter recuado 7,8% em 2020, segundo dados divulgados ontem da Pesquisa Mensal de Serviços, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expansão observada representou a maior taxa para um fechamento de ano desde o início da série histórica do levantamento, iniciada em 2012. Na comparação entre dezembro e novembro do ano passado, o avanço foi de 1,4%, configurando o segundo mês de alta, resultado que significou 4,1% de crescimento nesse período acumulado.

 
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Escalada dos juros comprometeu operações de financiamento das lavouras, o que pode afetar desempenho da safra, segundo a CNA (foto: Faemg/Divulgação - 19/10/19)
De acordo com o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo, boa parte do crescimento acumulado dos últimos 10 anos (2,3%) se deve ao desempenho mais dinâmico de alguns segmentos de serviços em 2021.

“Nos primeiros meses de 2020, o setor de serviços foi duramente afetado em função da necessidade de isolamento social e do fechamento dos estabelecimentos que prestavam serviços de caráter presencial. Por outro lado, a pandemia trouxe oportunidades de negócios para serviços voltados às empresas, como os de tecnologia da informação, transporte de cargas, armazenagem, logística de transporte e serviços financeiros auxiliares, que tiveram ganhos mais expressivos e compensaram as perdas dos serviços de caráter presencial”, explica.
 
Ainda na análise de 2021, Rodrigo Lobo destaca que houve alta em todas as atividades. “É a segunda vez na série que todas as atividades crescem simultaneamente. Dos 10 anos da série, o setor fechou positivo em cinco (2012, 2013, 2014, 2019 e 2021), e, nestes, apenas em 2012 e 2021 houve crescimento em todas as atividades”.
 
No último ano, as atividades que mais se destacaram foram transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (15,1%) e informação e comunicação (9,4%). Com o aumento, ambas superaram as quedas de 7,6% e 1,6%, respectivamente, registradas em 2020.
 
Os demais avanços vieram de serviços profissionais, administrativos e complementares (7,3%); serviços prestados às famílias (18,2%); e outros serviços (5%). No caso de serviços profissionais, administrativos e complementares e serviços prestados às famílias, o crescimento de 2021 não foi suficiente para compensar as perdas de 2020 (respectivamente, 11,4% e 35,6%).
 
Influências Na passagem de novembro para dezembro, com a taxa de 1,4%, o setor de serviços ainda ficou 6,6% abaixo do nível de atividade que apresentava antes da pandemia (em fevereiro de 2020). Em relação a novembro de 2014, quando houve taxa recorde de expansão, tem perda de 5,6%.
 
O pesquisador Rodrigo Lobo destaca que “a partir de junho de 2020, quando se inicia a recuperação, foram 19 informações, sendo 15 taxas positivas e 4 negativas (em dezembro de 2020, março, setembro e outubro de 2021). Isso confirma um contexto de crescimento para o setor”, afirma.
 
Quatro das cinco atividades investigadas avançaram em dezembro e a maior influência positiva sobre o indicador foi determinada pelos transportes, com avanço de 1,8%, segundo resultado positivo seguido. O setor está 9,8% acima do patamar pré-pandemia, mas 5,2% abaixo do seu ponto mais alto da série, em fevereiro de 2014. Segundo maior impacto em termos setoriais, os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 2,6%. Essa também é a segunda taxa positiva. A atividade situa-se 0,2% abaixo do patamar pré-pandemia e 20,7% abaixo do ponto mais alto da sua série, em julho de 2012.

Produtores apelam por reposição do crédito rural

Em ofícios endereçados a ministros e parlamentares, na terça-feira, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediu medidas para a recomposição do Orçamento 2022 que permitam a liberação de crédito rural com o nivelamento das taxas de juros, por meio de projeto de lei de crédito suplementar. Os recursos adicionais, diante da escalada dos encargos dos financiamentos agrícolas, são essenciais, segundo a CNA, para a safra 2022/2023.  No último dia 4, a Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia solicitou às instituições financeiras que suspendessem novas contratações de crédito rural com recursos que demandam equalização de taxas de juros durante este mês.
 
Nas estimativas da CNA, dos R$ 7,83 bilhões autorizados para as despesas com equalizações de taxas de juros (operações de custeio, investimento e Pronaf) em 2022, R$ 7,76 bilhões (99,1%) já estão empenhados. Durante o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2021/2022, o governo havia anunciado R$ 13 bilhões de orçamento para as equalizações de taxas de juros.
 
“Consideramos que a escalada da taxa Selic desde março/2021 não foi dimensionada quando da formulação do orçamento 2022, o que compromete novas operações de crédito em 2022, assim como as tão necessárias renegociações de prazos de reembolso do crédito nas regiões cuja produção agropecuária foi significativamente impactada pela seca ou por chuvas excessivas”, justifica o presidente da CNA, João Martins, no ofício.
 
O pedido foi feito aos ministros Paulo Guedes, da Economia; Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e Ciro Nogueira, da Casa Civil. No Legislativo, a CNA solicitou a interferência dos presidentes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Sergio Souza (MDB/PR), e das comissões de Agricultura da Câmara, Aline Sleutjes (PSL/PR), e do Senado, Acyr Gurgacz (PDT/RO). O Tesouro Nacional argumenta que não há  recursos orçamentários suficiente para custear o pagamento de equalização de taxas de juros nessas operações.
 
Na análise da confederação, a suspensão das contratações das operações de crédito com fonte de recursos equalizadas em fevereiro preocupa em relação ao período final do Plano Safra 2021/2022 e quanto à antecipação de pré-custeio, diante de um cenário de elevação de custos de produção para todas as atividades agropecuárias. Outro foco de problemas, destacou a CNA, é que “a suspensão gera insegurança quanto à insuficiência de recursos para o Plano Agrícola e Pecuário 2022/2023, uma vez que a quase totalidade do volume de recursos para equalização foi empenhada já neste mês”.

Ajustes fiscais

A aceleração e o aprofundamento do processo de equilíbrio fiscal no governo permitiram que o Brasil enfrentasse os choques provocados pela pandemia da COVID-19 sem comprometer o controle das contas públicas. É o que afirma na nota “Trajetórias com e sem reformas: continuidade e aprofundamento da consolidação fiscal” a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.

O informe divulgado ontem mostra que os ajustes levaram o Brasil a terminar 2021 com indicadores fiscais em patamares melhores do que as estimativas feitas pelo antigo Ministério da Fazenda em 2018, “mesmo considerando os cenários mais desafiadores”. A SPE explica que o processo de consolidação fiscal permitiu que o país voltasse, em 2021, a apresentar superávit primário do setor público consolidado, de 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país).



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