Menos sacolas nas mãos e a conta mais cara no supermercado. Essa sensação relatada por quem está acostumado a fazer as compras do mês não é sem motivos. O custo da cesta básica teve alta, por exemplo, de 18,58% no acumulado de 12 meses em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas.
O levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais (NEPES) da Faculdade Una foi divulgado nesta segunda-feira (14/2).
Em janeiro de 2021, os produtos básicos da mesa do consumidor custavam R$ 451,97. Um ano depois, o valor subiu para R$ 535,95, 44,2% do salário mínimo (R$ 1.212). No primeiro levantamento deste ano, a cesta básica apresentou reajuste de 2,03% em relação a dezembro, quando ela ficou em R$ 525,29.
A variação assusta o divinopolitano, que durante o ano passado viu o índice subir por várias vezes. Para driblar o aumento é preciso criatividade. "Tenho tentado comparar preços nos supermercados para achar melhores ofertas e faço também algumas substituições de marcas conhecidas por outras mais em conta", afirma a dona de casa Tamires Rosa.
Segundo a pesquisa, o salário mínimo necessário para arcar com custos básicos, além da alimentação, deveria ser equivalente a R$ 4.502,52 ou 3,71 vezes maior que o atual, considerando uma família de quatro pessoas.
Acima da inflação
A alta da cesta básica ficou acima da inflação, que fechou 2021 em 10,06%. “Esse aumento observado no nível de preços se deve a diversos fatores, como problemas climáticos que afetaram algumas culturas, redução da área plantada, redução do consumo por parte das famílias, alta do dólar que refletiu no preço dos insumos importados. Enfim, um conjunto de fatores que fizeram a inflação pesar no bolso do trabalhador em 2021”, explica o coordenador do Nepes, Wagner Almeida.
A carne bovina é o que mais tem pesado no bolso do consumidor, representando 41,1% na composição da cesta básica de alimentos. Foram pesquisados os cortes de chã de dentro e chã de fora. Em janeiro, foi observado aumento de 4,34% em relação a dezembro no preço médio do quilo.
Outros itens que puxaram a alta foram: batata-inglesa (53,61%), o feijão (9,63%) e a banana-prata (9,23%). “Um dos motivos para este aumento deve-se às chuvas de janeiro que atrasaram a colheita, o que causou redução na oferta e, em algumas regiões, afetou a produtividade”, ressalta o professor universitário.
A pesquisa
A pesquisa é realizada seguindo a metodologia adotada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ela foi feita entre os dias 21 e 26 de janeiro/2022 com o levantamento de preços praticados por oito estabelecimentos de Divinópolis.
*Amanda Quintiliano especial para o EM