Na disputa para receber a fábrica da Heineken, Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, tem buscado atrativos para se sobressair aos mais de 200 municípios mineiros que estão de olho na cervejaria. Cinco áreas foram mapeadas atendendo as exigências, dentre elas a de 1,5 milhão de metros quadrados de topografia adequada, conforme anunciado pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Luiz Ângelo, nesta quarta-feira (23/2).
Todos os terrenos ficam próximos ao bairro Icaraí, devido à proximidade com o Rio Pará. Uma das exigências é que a área fique a no máximo três quilômetros de um rio de alta vazão e baixa poluição, o que não se enquadra, no caso, com as características do Rio Itapecerica, o principal a cortar a cidade de quase 240 mil habitantes.
Para se ter noção, a área exigida pela empresa é quase ao equivalente a todo o Centro Industrial localizado na mesma região.
Todas essas informações foram repassadas à empresa junto com outras demandas solicitadas sobre aquíferos e disponibilidade hídrica subterrânea no município. Questões ambientais também são primordiais. A expectativa, segundo o secretário, é que sejam divulgados os municípios finalistas no processo nas próximas semanas.
A briga pelo novo centro de produção começou em dezembro do ano passado após a cervejaria desistir de implantá-lo em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Embora, vários municípios estejam na disputa, uma das apostas é que a instalação ainda ocorra nas redondezas da capital. Outra alternativa forte é o Triângulo Mineiro. Uberaba foi o primeiro município a manifestar interesse.
Também estão no páreo Patrocínio, Frutal, no Triângulo, Outro Preto e Mariana, na região Central e Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, para citar alguns.
Divinópolis, que foi sede da primeira fábrica da Kaiser no Brasil – hoje pertencente ao Grupo Heineken –, não vê um grande investimento desde a desativação, em 2002. Para suprir a demanda cobrada até os dias atuais pela população, o município tenta convencer os investidores que a cidade polo do Centro-Oeste, a 120 Km de Belo Horizonte, é a melhor alternativa. Para isso, tem munido a empresa de informações.
“Além de apresentar os terrenos, disponibilizamos informações topográficas, viárias, presença de áreas de proteção permanente e servidão de passagem ferroviária e elétrica. Com essas informações, a empresa passa a ter ainda mais subsídio para considerar Divinópolis como um potencial destino da nova planta da cervejaria”, destacou o secretário.
O terreno que abrigou a Kaiser, no bairro Icaraí, segundo Gonçalves, ainda pertence ao grupo, entretanto não se enquadra nas atuais exigências, a começar pelo tamanho.
O secretário municipal tem mantido contato direto com a cervejaria e também junto ao governo de Minas, por meio do presidente da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga.
Apesar de otimista, ele reconhece que há um longo caminho a percorrer. “Suponhamos que a cidade passe para a próxima etapa, torcemos para isso, provavelmente deverão ser feitos testes, principalmente de questões hídricas, verificar o solo”, afirma.
Nova fábrica
O novo destino para instalação da fábrica deve ser conhecido ainda em 2022. Em Pedro Leopoldo, a cervejaria havia anunciado, no final de 2020, aportes de aproximadamente R$ 1,8 bilhão. A projeção era de que ela começasse a operar ainda em 2023 para atender a demanda pelo aumento de produção.
Entretanto, em setembro do ano passado, após o início da terraplanagem, as obras foram embargadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) devido a divergências com Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) que é o órgão licenciador.
HEINEKEN
Em nota enviada nesta quarta-feira (23/2), o Grupo Heineken voltou a reafirmar “seu compromisso com o estado de Minas Gerais. A companhia está estudando outras áreas e, tão logo seja definido, anunciará o novo local em que será instalada sua cervejaria”.
*Amanda Quintiliano especial para o EM