Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, o mercado brasileiro já vinha antecipando a compra de insumos agrícolas e, por isso, tem um estoque dos produtos já adquirido. Desta forma, mesmo com as barreiras para a importação por conta do conflito e das sanções comerciais impostas à Rússia, o Brasil não deverá ter dificuldades para suprir a demanda de fertilizantes do agronegócio nacional nos próximos meses, pois tem estoque suficiente para para o consumo interno até setembro ou outubro.
A informação é da Paraná Portos, empresa pública estadual que administra os dois portos daquele estado, de Paranaguá e Antonina, que são os principais portos de entradas dos insumos para a agricultura no Brasil. Mesmo revelando apreensão em relação aos efeitos do conflito no leste europeu, a estatal paraense afirma que ainda não sofreu “impacto direto da guerra na chegada dos produtos”.
A Paraná Portos desmentiu a especulação de que esses terminais marítimos de Paranaguá e Antonina teriam um número de navios atracados, com cargas de fertilizantes, mas sem descarregar por conta dos efeitos na guerra Rússia x Ucrânia. Por meio de sua assessoria, a direção da empresa paraense informou que, atualmente, estão atracados, descarregando fertilizantes três navios em Paranaguá e dois cargueiros no porto de Antonina.
Anunciou ainda que 12 navios carregados de fertilizantes estão programados para atracar no complexo portuário do litoral paraense nos próximos 30 dias. Além disso, outros seis navios com insumos agrícolas estão para chegar, mas ainda não entraram na programação”.
No ano passado, houve um aumento de 15% na importação de fertilizantes por meio dos navios que atracaram nos portos de Paranaguá e Antonina, informa a Paraná Portos. Em 2021, foram descarregadas no complexo portuguário daquele estado 11.642.319 toneladas de fertilizantes, enquanto em 2020 foram importadas 9.963.223 toneladas dos insumos. A grande movimentação da chegada de fertilizantes ocorreu em Paranagúa -10.476.474 toneladas em 2021, quase 11% a mais que as 9.444.207 toneladas recebidas em 2020.
Apreensão
“Estamos, obviamente, apreensivos em relação ao conflito no leste europeu, principalmente porque envolve os principais fornecedores de fertilizantes do país (Rússia e Belarus, especificamente) e somos os principais portos de entrada do produto no Brasil, recebendo mais de 27% das importações brasileiras”, informa a direção da Paraná Portos.
“No entanto, ainda não sentimos impacto direto da guerra na chegada dos produtos. O mercado brasileiro já vinha antecipando a compra dos insumos agrícolas e, no nosso caso, temos uma boa capacidade estática para armazenagem dos granéis de importação; algo em torno de 3 milhões de toneladas”, completa.
A empresa informa que, embora ainda esteja “consolidando os dados”, mesmo com conflito no leste europeu, deverá alcançar no primeiro bimestre deste ano uma alta de 30% na importação de fertilizantes em relação ao mesmo período de 2021.
“Pelo que estamos acompanhando, o Brasil tem um bom estoque de fertilizantes já comprados, suficiente para até os meses de setembro/outubro. Temos que acompanhar para ver o desenrolar do conflito. Esperamos que se resolva até lá”, assegura a Paraná Portos.
O Estado de Minas entrou em contato com o Ministério da Agricultura para saber as medidas adotadas em relação a importação de fertilizantes por causa dos impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, não teve respostas até o fechamento desta reportagem.