A alta na inflação e nos juros contribuiu para que o consumidor de BH terminasse janeiro de 2022 na inadimplência. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), na capital mineira, o índice aumentou 6,43% em janeiro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2021.As principais dívidas dos moradores da capital são com os bancos (12,72%), água e luz (4%). Além disso, a falta de planejamento financeiro atrelado ao consumo exagerado tem piorado este quadro.
Na avaliação do presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, falta planejamento financeiro para a maioria das pessoas. “Com a flexibilização das medidas restritivas, as pessoas voltaram a sair e também a consumir mais. A grande questão é que a maioria delas não possui um planejamento financeiro e, com isso, gastaram em excesso e entraram no cadastro de negativados. É de extrema importância que o consumidor reveja seus gastos, planeje suas compras e organize o pagamento de seus débitos começando pelas essenciais, como água e luz.”
Também de acordo com ele, a inflação estava em queda até novembro de 2021, mas os reajustes salariais não acompanharam o aumento dos preços. Bens de primeira necessidade como alimentação, medicamentos e habitação estão com os preços mais elevados.
Para 2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previa uma inflação de 4%. Mas, no acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA subiu 10,25%. Essa pesquisa mostra o quão afetado será o poder de compra do consumidor a partir da inflação.
Homens gastam com menos planejamento
A pesquisa da CDL-BH mostrou também que os homens chegam no vermelho primeiro que as mulheres. Na comparação anual, o levantamento mostrou que os homens (5,5%) devem mais que as mulheres (5,02%). Eles também acumulam maior número de dívidas por pessoa: 6,4%, contra 5,52% (elas).
Em ambos os gêneros, o número de dívidas por CPF também aumentou, comparando dezembro de 2021 a janeiro de 2022. Passou de 4,78% em dezembro do último ano para 7,51% em janeiro. No primeiro mês do ano passado o número médio de dívidas era de 1,848. No mês de janeiro de 2022, foi de 1.867. Na base mensal houve aumento de 2,13%.
Empresas
A inadimplência entre os CNPJs aumentou cerca de 28%, passando de 3,01% para 3,29%. Na análise de janeiro de 2022, o indicador cresceu 0,04% frente ao mês anterior. Marcelo de Souza explica que "essa aceleração da inadimplência entre as empresas está ligada a um cenário econômico marcado por juros elevados que dificultam a tomada de empréstimos e pagamento de dívidas. Uma inflação alta pressiona os custos do empresário, diminui a receita e acelera a inadimplência.”
De dezembro de 2021 para janeiro de 2022, o número de empresas endividadas em Minas Gerais avançou 0,68%. Na análise anual, também houve crescimento: 4,97%. Em dezembro do ano passado, o índice estava em 3,72%.
Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria