Lucas de Souza possui uma propriedade em Jacuí e é criador de abelhas há 22 anos. O seu foco sempre foi a produção de própolis, mas ele não cuidava das colmeias. Há um ano participa do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Apicultura do Sistema Faemg/Senar/Inaes/Sindicatos.
Algumas ações propostas pela assistência técnica do programa fizeram aumentar o seu rendimento, como a raspagem do própolis da caixa, o que lhe rendeu 51 kg do produto e mais R$ 17 mil de faturamento. Dinheiro parado na caixa das abelhas. A troca da cera velha também lhe rendeu 22 kg de cera. O valor hoje no mercado é de R$ 42,00 o quilo. Lucas será um dos beneficiados do programa inédito no Estado de melhoria genética das rainhas. “A gente fica na expectativa para o aumento da produção de própolis e também do mel, produto que pretendo investir”, disse.
Os apicultores mineiros receberão, gratuitamente, 5 mil abelhas-rainha com genética superior para aprimorar a produção de mel e derivados. O foco é aumentar a qualidade do produto e a sustentabilidade do negócio. É a base do Projeto de Melhoramento Genético na Apicultura - Produção Itinerante de Rainhas, iniciativa inédita no Brasil por contar com uma unidade móvel.
Oferecido pelo Sistema Faemg/Senar/Inaes/Sindicatos, através do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), ele beneficiará produtores da Zona da Mata, Sul e Norte de Minas, onde a apicultura vem avançando como forte destaque econômico.
A jornada começa sexta-feira da semana que vem (18/3), em Varginha, aproveitando a primeira florada do ano, e passa por 12 municípios até maio. A expectativa é que, até o início de 2023, essas regiões já tenham um banco de genética adequado para a produção local. A próxima cidade é Jacuí (19/03 a 29/03), depois vem Cássia (20/03 a 30/03), Cônego Marinho (1º/04) a 11/04), Januária (02/04 a 12/04), São João da Ponte (04/04 a 14/04), Japonvar (05/04 a 15/04), Ubaí (06/04 a 16/04), Montes Claros (07/04 a (17/04), Bocaiúva (08/04 a 18/04) e Santa Bárbara (06/05 a 16/05). As datas podem sofrer alterações.
Como funciona
Um veículo adaptado com bancada de trabalho, iluminação apropriada, ar-condicionado e umidificador de ar, gerador, estufa e barreira sanitária com pia e lavabotas vai funcionar como um laboratório itinerante. A unidade móvel representa a solução para algumas das dificuldades mais comuns da produção de rainhas em escala comercial.
A maior delas é a transferência das larvas das colônias selecionadas para as cúpulas de plástico ou de cera de abelha. O manejo com as larvas tem que ser realizado preferencialmente em ambiente com temperatura e umidade controlada para não prejudicar o desenvolvimento do animal. Geralmente, produtores de geleia real e de rainhas possuem minilaboratórios perto de seus apiários para realizar esse manejo. Contudo, em um trabalho de extensão rural, isso não é viável. Ter um laboratório móvel inclusive viabiliza atender apicultores em regiões remotas.
Produção
O propósito é melhorar a performance da apicultura em Minas Gerais, que vive um bom momento. De acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção de mel subiu 36% de 2025 até 2020 e Minas Gerais é o quinto maior Estado brasileiro em produção de mel. A pesquisa aponta que em 2015 foram produzidos 37.859 quilos de mel em Minas Gerais, 39.677 (2016), 41.695 (2017), 42.268 (2018), 45,801 (2019) e 51.507 (2020).
Os apicultores brasileiros e mineiros são predominantemente de pequeno porte, de acordo com dado da Confederação Brasileira de Apicultura. Quase metade dos produtores no país possui até 50 colmeias, e mais de 90% possuem até 200. Este grupo de produtores responde por 60,2% da produção nacional de mel.
Recentemente, os apicultores mineiros têm se organizado e o setor conquistou a certificação da produção de própolis verde, produto exclusivo do Estado, Identificação Geográfica/Denominação de Origem concedida pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
A produção da própolis verde em Minas Gerais gira em torno de 100 toneladas ao ano, a estimativa é de que o Estado seja responsável por 90% da produção.