Em meio à disparada do preço dos combustíveis, cuja escalada se acentuou ainda mais na sexta-feira (11/3), com novo aumento determinado pela Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que vai cobrar providências do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O chefe do poder Executivo federal quer saber se os postos que não diminuíram em R$ 0,60 o valor do diesel já foram notificados para promover a mudança. Paralelamente, caminhoneiros se articulam sobre formas de se opor ao reajuste.
Para amortizar os efeitos da correção do preço dos combustíveis vindo das refinarias, Bolsonaro deposita fichas em lei sancionada por ele na noite de sexta. O texto determina a criação de alíquota única do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) de combustíveis. O novo índice vai valer para os 26 estados e o Distrito Federal.
Entretanto, ao visitar um posto de gasolina em Luziânia (GO) neste domingo (13/3), Bolsonaro constatou que a nova lei ainda não havia surtido efeito no custo do diesel.
"Não chegou a ordem para baixar R$ 0,60. Deveria ser comunicado. Vou entrar em contato com o ministro de Minas e Energia e verificar o que já foi feito para notificar o pessoal de que tem que baixar R$ 0,60 no preço do diesel, que equivale a uma parte do ICMS e todo o imposto federal que zerei", disse.
A mudança nos preços praticados pela estatal representou crescimento de 18,8% no custo da gasolina. As distribuidoras, que antes pagavam R$ 3,25 por litro, agora têm de desembolsar R$ 3,86. O diesel, por sua vez, passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 - 24,9% a mais. Houve, ainda, majoração de 16,1% no gás de cozinha. A alteração determinada pela Petrobras ocorreu após o Congresso aprovar as novas diretrizes do ICMS sobre os combustíveis.
Segundo Bolsonaro, se os postos seguirem a nova lei referente ao tributo, o aumento repassado aos consumidores que abastecem com diesel vai cair de R$ 0,90 para R$ 0,30. Mesmo assim, ele reconheceu que o bolso dos motoristas continua em grande desvantagem.
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"É muito pesado, mesmo assim, para o caminhoneiro", afirmou. "A Petrobras não tem qualquer sensibilidade com a população. É Petrobras futebol clube - e o resto que se exploda", sentenciou o presidente.
Tanqueiros e transportadores acendem alerta
O impasse provocado pelo aumento dos combustíveis deixou os tanqueiros de Minas Gerais receosos. O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sindtanque-MG) pode anunciar, nesta segunda-feira (13), um pacote de medidas em resposta à decisão da Petrobras."Ninguém esperava aumentos absurdos como esses, principalmente no caso do diesel. Isso representa uma pá de cal para os transportadores, que há anos vêm se virando como podem para não afundar de vez", disse Irani Gomes, presidente da entidade, ao Estado de Minas.
Para o dirigente, o porcentual único do ICMS não basta para refrear a crise provocada pela escalada do valor do litro. "Essa medida é insuficiente. A redução dos preços dos combustíveis será irrisória".
A preocupação reina, também, no setor de fretes. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) pleiteia a recomposição, ao custo das entregas, da corrosão causada pela disparada do diesel. Há temor por inviabilizar a engrenagem do ramo.
Risco à própria sobrevivência
"Estamos atentos e muito preocupados com toda essa situação, mas o setor, infelizmente, não tem mais quaisquer condições de segurar esse aumento, que deve ser repassado imediatamente no valor frete. Do contrário, colocaremos em risco a própria sobrevivência de muitas empresas de transporte, fundamentais para o desenvolvimento do Brasil", protestou o presidente da CNT, Vander Costa.As empresas responsáveis por controlar a oferta de carros por aplicativo, por sua vez, já preparam medidas para amenizar a perda dos condutores. A partir desta semana, as corridas da Uber vão custar 6,5% a mais, em reajuste provisório. Na 99 Pop, os motoristas terão acréscimo de 5% nos lucros obtidos a cada quilômetro rodado. Litro a R$ 8,50.
No sábado, o EM mostrou que o aumento determinado pela Petrobras refletiu imediatamente nas bombas de gasolina instaladas em Minas Gerais. Motoristas que paravam em um posto de Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha, precisavam gastar R$ 8,59 por um litro de gasolina.
Em Caratinga, no Leste, o valor era ligeiramente mais baixo: R$ 8,19. Na Avenida dos Andradas, em Belo Horizonte, o preço estava fixado em R$ 7,69. Em Uberaba, no Triângulo, o Procon agiu e autuou dois postos que cobravam mais de R$ 8 pelo litro. Os estabelecimentos foram punidos por elevação abusiva dos preços.