Nunca foi tão caro encher um tanque de gasolina no Brasil. A disparada dos preços dos combustíveis impacta na economia e afeta o seu bolso. Neste vídeo você vai entender por que, mesmo sendo um grande produtor de petróleo, o Brasil não consegue garantir um preço baixo de combustíveis para os consumidores.
De janeiro de 2021 a março de 2022, a Petrobras já aumentou 13 vezes o preço da gasolina e 11 vezes o do diesel, segundo levantamento do Observatório Social da Petrobras (OSP).
Para o consumidor, além da conta e da insatisfação, restou uma dúvida: por que a gasolina está tão cara? A resposta, em sua maior parte, vem lá de fora. Embora o Brasil seja um grande produtor de petróleo, o preço não é definido aqui, é cotado no mercado internacional.
"O petróleo é uma commodity internacional, então o preço dele é definido no mercado internacional. Um conflito geopolítico da extensão do que está acontecendo entre a Ucrânia e a Rússia, e as sanções impostas à Rússia vem trazendo muita volatilidade ao preço do petróleo, que é aquele sobe e desce. O preço do petróleo já alcançou 140 dólares e, hoje, está em torno de 100 dólares.", explica André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Ibre.
O que é commodity?
Commodity é o nome dado a qualquer produto primário, cujo preço é determinado pela oferta e procura internacional. Pode ser de origem agropecuária, a exemplo da soja e do trigo, ou de extração vegetal ou mineral, como é o caso do petróleo.
É por ser um produto precificado no mercado internacional que o petróleo é cotado em dólar.
Carga tributária alta
Mas não é só a variação internacional que faz a gasolina ser mais cara no Brasil. A carga tributária que incide sobre o preço final ao consumidor é muito alta e varia de estado para estado.
Composição do preço da gasolina no Brasil para o consumidor em março de 2022:
- 36% Petrobras
- 27% ICMS
- 13% Etanol anidro
- 14% Distribuição e postos
- 10% Cide, PIS/Pasep e Cofins
O Brasil produz 3,3 milhões de barris de petróleo por dia, segundo Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Dá e sobra para o consumo de derivados no país. E não é de agora. Em 2006, o Brasil alcançou a autossuficiência. Na época, a produção nacional era bem menor, cerca de 1,8 milhão de barris por dia. No entanto, ainda importamos gasolina e derivados de petróleo. Mas, por quê?
Por que importamos gasolina?
Porque somos soberanos na extração, não no refino. E mais: Não existe só um tipo de petróleo. Alguns são mais pesados e outros são chamados de leves. Essa composição é que vai definir qual é o ideal para produzir a gasolina, o diesel ou outro derivado do óleo bruto.
Atualmente, cerca de 92% de tudo que é refinado no país é composto por petróleo brasileiro. Os outros 8% ainda precisam ser importados.
Toda a produção que as nossas refinarias conseguem fazer não é suficiente para abastecer o mercado interno. Então, nós continuamos importando combustíveis e vendendo o excesso de petróleo bruto que não damos conta de refinar.