No recente aumento do preço da gasolina (média de 18,8%) – que, segundo a Petrobras, teve como uma das causas o impacto, no mercado internacional, da invasão da Ucrânia pela Rússia –, os moradores dos municípios mais pobres e isolados de Minas Gerais, situados no Norte do estado e no Vale do Jequitinhonha, estão pagando mais caro do que a população de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), município mineiro com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), de 0,813.
Ao longo da semana passada, a reportagem do Estado de Minas levantou o preço do combustível na bomba em outros nove municípios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha. Em todos, foram verificadas a discrepância e a penalização dos mais pobres.
Dos lugares pesquisados, a cidade com a gasolina mais cara é Coronel Murta. A cidade tem duas revendas de combustíveis: em uma delas, a gasolina a está custando R$ 8,59 o litro; na outra, R$ 8,49 o litro, R$ 1 a mais do que o valor do combustível (R$ 7,49) encontrado em postos de Belo Horizonte – que tem o segundo maior IDH de Minas (0,810) e PIB per capita anual de R$ 38.695,31.
A professora Vânia Vilas Boas, coordenadora do índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma que moradores dos pequenos municípios de regiões carentes como o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha pagam mais caro pelos combustíveis por causa do chamado “custo logístico”.
Dos lugares pesquisados, a cidade com a gasolina mais cara é Coronel Murta. A cidade tem duas revendas de combustíveis: em uma delas, a gasolina a está custando R$ 8,59 o litro; na outra, R$ 8,49 o litro, R$ 1 a mais do que o valor do combustível (R$ 7,49) encontrado em postos de Belo Horizonte – que tem o segundo maior IDH de Minas (0,810) e PIB per capita anual de R$ 38.695,31.
A professora Vânia Vilas Boas, coordenadora do índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma que moradores dos pequenos municípios de regiões carentes como o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha pagam mais caro pelos combustíveis por causa do chamado “custo logístico”.
Por estarem distantes das refinarias, a despesa com transporte fica maior. As cidades das duas regiões, na grande maioria, estão situadas a mais de 500 quilômetros da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na RMBH.
“Temos o impacto do custo logístico, que é o custo do transporte dos derivados de petróleo da refinaria até a bomba no posto. Soma-se a isso a questão que em Minas Gerais temos uma das maiores tributações sobre gasolina, de 31%, a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro (34%). Isso faz com que o preço dos combustíveis seja mais alto nessas regiões, que são áreas onde a população tem poder aquisitivo mais baixo, em decorrência das (fracas) atividades econômicas de seus municípios”, observa a economista.
Segundo Vânia Vilas Boas, o aumento do valor dos derivados de petróleo em efeito cascata impacta na disparada dos preços de outros produtos básicos. “Quando há aumento da gasolina, em efeito cascata, ele influencia nos custos em praticamente todos os setores da economia. Essa pressão do reajuste dos combustíveis é sentida em dobro pelo trabalhador/consumidor, principalmente nas regiões interioranas”, assegura a coordenadora do IPC/Unimontes.
“O aumento da gasolina pesa não apenas na hora em que o consumidor vai encher o tanque, mas também no frete, nas passagens e em todos os produtos e alimentos que chegam às pequenas localidades, que não possuem produção própria suficiente para atender suas demandas”, completa.
Os moradores dos pequenos municípios têm mais despesas com transporte porque precisam sempre se deslocar para tratamentos de saúde ou procurar atendimento bancário, não existentes onde vivem. Essa situação é verificada em São João das Missões, onde o aumento da gasolina tem impacto maior ainda porque mais de 70% da população pertence à tribo indígena xacriabá e reside na zona rural, em 32 aldeias que ocupam 70% do território do município.
Os indígenas acabam necessitando de constantes deslocamentos até a cidade, para tratamento médico, receber benefícios ou cuidar de compromissos pessoais.
“As pessoas estão reduzindo as viagens por causa preço da gasolina, que subiu demais enquanto a renda da população continua baixo. Ninguém aguenta isso”, afirma Adimar Seixas de Lima, supervisor da Secretaria Municipal de Cultura e Assuntos Indígenas de São João das Missões.
Adimar pertence à etnia xacriabá. Ele disse que é um dos “penalizados” com o aumento da gasolina, pois tem que pagar praticamente R$ 8 pelo litro e, de três a quatro vezes por semana, precisa se deslocar ate a sede do município, distante 60 quilômetros da aldeia Sumaré 1, onde mora.
“As coisas estão desenfreadas. Quando o preço da gasolina sobe e o salário não acompanha, traz um sacrifício para todo mundo. Para mim, é abuso de poder do governo”, reclama o morador de São João das Missões, lembrando que sempre luta em defesa em direitos dos povos indígenas.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU) e é baseado nos indicadores de educação, saúde e renda de países, estados e municípios. O item educação considera os anos de estudos dos habitantes. Na saúde, é levada em conta a expectativa de vida. O quesito renda mede o rendimento médio dos moradores, avaliando o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de toda a riqueza produzida em determinado período.
O que é o IDH
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU) e é baseado nos indicadores de educação, saúde e renda de países, estados e municípios. O item educação considera os anos de estudos dos habitantes. Na saúde, é levada em conta a expectativa de vida. O quesito renda mede o rendimento médio dos moradores, avaliando o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de toda a riqueza produzida em determinado período.