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Estado de Minas INFLAÇÃO

Alimentos e combustíveis pressionam alta do custo de vida em BH

Cesta básica também tem aumento de 7,76% em março e passa de R$ 695


05/04/2022 18:30 - atualizado 05/04/2022 18:55

Banca de tomates
O tomate foi o alimento da cesta básica que mais subiu, em março (29,92%) (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. Brasil)
O custo de vida em Belo Horizonte aumentou 1,39% em março, impulsionado pelo preço dos combustíveis e dos alimentos in natura. O índice ficou acima do registrado em fevereiro (0,21%), segundo levantamento de preços divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculada à UFMG, nesta terça-feira (5/4).

 

 


“Tivemos um aumento bastante substancial dos combustíveis em março. Eles foram um dos principais fatores desse aumento grande da inflação que tivemos no mês de março, puxado principalmente pela gasolina comum. A alimentação como um todo também subiu, principalmente os alimentos in natura. Eles causam um impacto grande no dia-a-dia das pessoas”, explica Eduardo Antunes, gerente de pesquisas da Fundação IPEAD.

Os maiores destaques, em termos de variação, foram as altas de:

  • 11,02% para Alimentos in natura, 
  • 2,47% para Bebidas em bares e restaurantes, 
  • 2,25% para Vestuário e complementos, 
  • 1,91% para Transporte, Comunicação, Energia Elétrica, Combustíveis, Água e IPTU, 
  • 1,64% para Alimentos industrializados, 
  • 1,61% para Despesas pessoais e 
  • 1,07% para Encargos e manutenção 

Já os Artigos de residência tiveram queda de 1,03%. 

Segundo Antunes, os alimentos in natura ainda sofrem impacto das chuvas de janeiro. “A produção ainda não se recuperou desse processo climático todo. Tivemos menor produção também. A área de plantio do tomate e da cenoura foi menor e isso acabou contribuindo para que os preços subissem nesse período.”

O gerente de pesquisas ressalta que o setor ainda estava se ajustando ao arrefecimento da pandemia. “Mas ainda não conseguiram se ajustar completamente e o processo climático acabou potencializando esse problema na safra, elevando demais o preço desses produtos.”

A gasolina comum foi o produto que mais contribuiu para o aumento no custo de vida em março, com alta de 7,11%. Outros itens que pesaram no orçamento familiar foram automóveis novos (7%), gás de cozinha (7,27%), assinatura de telefonia fixa (7,47%) e condomínio residencial (1,51%).

Ele afirma que, neste momento, é difícil fazer qualquer tipo de previsão para os próximos meses. “Nunca tivemos tantos acontecimentos, em um curto espaço de tempo, que influenciaram tanto os preços como este período que estamos vivendo.” Antunes cita a pandemia, a queda de produção em alguns setores, a retomada da produção que não aconteceu totalmente, além da falta de insumos. 

“Agora temos o conflito entre Rússia e Ucrânia que acaba prejudicando o mundo, já que a Rússia é grande produtora de fertilizantes e está sofrendo embargos por causa da guerra. A produção de petróleo também sofre esse impacto, o barril de petróleo começa a sofrer especulação de mercado e fica mais caro. Estamos também em um ano eleitoral, que sempre sofre com especulações.”

Cesta básica teve variação mensal recorde

 
O custo da cesta básica também apresentou aumento de 7,76%, custando R$ 695,41 em março. Esta foi a maior variação mensal desde dezembro de 2019 quando atingiu 12,05%.

Os principais responsáveis pela alta foram o tomate Santa Cruz (29,92%), banana caturra (23,34%) e o pão francês (5,81%).
 
Banca de banana caturra
A banana caturra teve alta de 23,34%, em março (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. Brasil)
 

“O destaque é o tomate que já subiu 61% no ano e em 12 meses mais de 130%. Ele vem sofrendo pelo problema de readequação de produção e das chuvas.”

A inflação acumulada no ano está em 3,64% e nos últimos 12 meses em 10,83% , de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Várias entregas e pesquisa de preços


O comerciante José Maria da Silva, de 64 anos, afirma que precisa do carro para trabalhar. Mas, com o aumento no preço da gasolina, não é mais possível encher o tanque. “Se pode colocar R$ 100, coloca. Se pode colocar R$ 200, coloca. Se sobra um dinheiro, coloco um pouco a mais. Trabalho em hortifrutigranjeiro, então vou para o Ceasa e faço entrega com ele.”
 
Comerciante José Maria da Silva e frentista em posto de combustível
O comerciante José Maria da Silva usa o carro para trabalhar e admite que não consegue mais encher o tanque, depois do aumento da gasolina (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 

Para tentar economizar, ele conta que está saindo para fazer mais entregas de uma única vez. “Ao invés de eu ir em uma única entrega, junto três ou quatro para sair uma vez só. Procuro também sincronizar as rotas para tentar não gastar tanto combustível.”

Já o aposentado José Santana, de 73 anos, reclama do preço dos alimentos no sacolão. “Tá aumentando quase todo dia. Vou um dia e compro alguma coisa, no outro compro outra.” Apesar disso, ele afirma que ainda não deixou de comprar nenhum produto, já que conta com a ajuda dos filhos. “Compro mais frutas que também estão muito caras.”
 
Aposentado José Santana faz compras no sacolão
O aposentado José Santana reclama do preço dos alimentos no sacolão. %u201CTá aumentando quase todo dia" (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 

Ele admite, porém, que confere os preços nos estabelecimentos perto de casa antes de comprar. “Vou em um e no outro e vejo os preços. O que estiver mais barato eu vou lá e compro.”

Dicas para manter o orçamento familiar 


Diante do cenário de incertezas dos próximos meses, os consumidores devem ficar atentos para não estourar o orçamento doméstico com preços cada vez mais altos. 

Marcos Alves, especialista em planejamento financeiro da consultoria Tailor dá algumas dicas. A primeira seria o orçamento estático. “A pessoa deve começar o mês sabendo o que vai gastar, quais são os recursos e para onde eles vão.”

Outro ponto é ficar atento aos gastos supérfluos com comida. “As pessoas que compram por aplicativo de comida, por exemplo, às vezes não percebem (os gastos). A redução na compra deste tipo de produto seria interessante para a pessoa que recebe um salário menor e está em uma situação econômica mais apertada. A dica é evitar ao máximo.”

Para os alimentos que estão mais caros no momento, a dica é tentar substituir por outros com preços mais em conta. “Se a pessoa consegue evitar a compra desses produtos que estão um pouco mais caros e tentar substituir por outros só por um período temporário, já ajuda no orçamento. Na hora de fazer a compra, é bom as pessoas listarem o que realmente precisam também, para não ficarem perdidas e levar o que não deveria para a casa.”

Já em relação aos combustíveis, a dica do especialista é viabilizar o uso do carro. “Usar mais o transporte público que é acessível e evitar o transporte por aplicativo.” 

A troca da gasolina pelo etanol deve ser analisada, já que não beneficia todos os motoristas, segundo Alves. “Com o etanol o carro não tem a mesma performance, ele é mais barato, mas o carro vai desenvolver menos e a pessoa vai ter praticamente o mesmo gasto. Para algumas pessoas, pode compensar, como motorista de aplicativo que tem um carro econômico e que usa o carro o dia inteiro. Para ele vale a pena o etanol.”



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