O empresário Sidnei Piva de Jesus comprou a Itapemirim em 2016, quando a empresa já estava em processo de recuperação judicial. Com a aquisição, assumiu também as dívidas da companhia avaliadas em mais de R$ 2,2 bilhões. Na segunda-feira (18/4), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou o bloqueio de bens do empresário, do Grupo Itapemirim e de todas as empresas abertas por ele desde o início da aprovação do plano de recuperação judicial do grupo.
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As contas da esposa do empresário, Silvana dos Santos Silva, também foram bloqueadas. A decisão da Justiça é para assegurar que o patrimônio não seja dilapidado e garantir o pagamento de credores, que têm reclamado do descumprimento do plano. Também na segunda-feira, Piva apresentou um aditivo para tentar livrar a empresa da falência.
Uma parte do dinheiro da empresa foi deslocada para financiar a companhia Ita Transportes Aéreos, que começou a operar em junho de 2021 e suspendeu as operações em dezembro, às vésperas das festas de fim de ano.
Em fevereiro, a Justiça já havia determinado o afastamento de Piva do comando do grupo Itapemirim, além do uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de deixar o país.
Compra polêmica
Sidnei Piva trava uma batalha judicial com a família que controlava o grupo Itapemirim antes de ele ser adquirido pelo empresário. Segundo Andreia Cola, neta do fundador da companhia, Camilo Cola, o acordo de compra firmado com Piva previa que o patrimônio da família não faria parte do negócio. O empresário, porém, conseguiu por decisão judicial ficar com os bens da família.
Em dezembro do ano passado, quando já havia uma série de reclamações de fornecedores e trabalhadores da Itapemirim por atraso em pagamentos, uma notícia publicada pelo site Congresso em Foco mostrou que Piva abriu uma empresa de serviços financeiros em Londres no valor de 780 milhões de libras, cerca de R$ 5,9 bilhões.
Segundo o empresário, o negócio era para facilitar o arrendamento de aeronaves.
Apesar das dívidas da companhia, Sidnei Piva mantém hábitos de consumo refinados. De acordo com documentos obtidos pelo Estadão, em um processo que corre sob sigilo na Justiça de São Paulo, em 2020, ele gastou R$ 29 mil no cartão de crédito, em um shopping de Dubai. Durante outra viagem, para Paris, foram R$ 23 mil em uma loja de artigos de luxo. Já entre fevereiro e março, gastou R$ 40 mil em um resort no Rio de Janeiro.
Em dezembro de 2021, o empresário comprou uma cobertura na praia da Riviera, no litoral de São Paulo, e vive em um apartamento de 500 metros quadrados em um condomínio de luxo no Bairro do Itaim, região nobre da capital paulista.