Ficou mais caro para quem paga, mas ainda é pouco para quem recebe. Assim está o valor da faxina atualmente na capital e região metropolitana, segundo pesquisa recente divulgada pelo MercadoMineiro. Foi constatado que o valor da diária pode variar de R$120 a R$300, sem considerar transporte e alimentação.
O preço médio atual da faxina sofreu um aumento de 4,57%. Em 2021, o valor era de R$153,64, já neste ano passou a ser de R$160,67. Mesmo com o reajuste, o preço cobrado pelas faxinas ainda é inferior ao índice inflacionário, que atingiu 11,3% nos últimos doze meses. A consulta para a pesquisa foi sobre a diária para um apartamento de 3 quartos (±100m2) na zona sul, onde mora um casal com um filho de 5 anos.
O valor abaixo da inflação compromete o orçamento mensal das profissionais, já que perderam poder de compra. Proporcionalmente, produtos no supermercado subiram mais que o valor da faxina. A conta não fecha.
Para a diarista Lusiana da Silva, de 52 anos, “não está fácil”. “Esse valor pra gente ainda tá baixo. Eu que pago aluguel, água, luz, que tá muito cara, supermercado… Muita coisa eu deixo de comprar, não faço supermercado todo mês como fazia antes. Não tá dando mais pra fazer compras direto”, conta a profissional.
A pesquisa também reflete as dificuldades enfrentadas pelas diaristas no período da pandemia. Muitos clientes que tinham faxina fixa por semana, uma ou duas vezes, passaram a reduzir a frequência. Antes, quem ia duas vezes, passou a ir apenas uma, e quem já ia uma vez, passou a trabalhar de 15 em 15 dias na casa. Os consumidores reduziram os gastos e passaram a limpar a casa por conta própria.
Outro ponto que fortalece a crise foi o aumento de pessoas que perderam seus empregos nos últimos dois anos e também começaram a trabalhar como diaristas. A oferta é maior do que a procura pelo serviço. “A procura está bem menor que antes da pandemia e a concorrência tá demais. Eu tenho feito faxina todos os dias, mas de vez em quando tem imprevistos, como feriado, ou a pessoa desiste. Está difícil arrumar outras novas”, finaliza Lusiana.
O economista Carlos Eduardo Costa explica que a dificuldade não é percebida apenas pelas diaristas. “A crise está sendo sentida em vários setores, uma vez que muitas famílias estão tendo que reaver os seus hábitos. Diminuíram a quantidade de faxinas pagas, também em função do processo inflacionário, mudaram alguns outros costumes: diminuíram à ida à pizzaria, número de pedidos em delivery, estão comprando menos roupas, trocando marcas no supermercado... então a crise ela acaba chegando a vários outros seguimentos”, conta.
"A inflação é a maior inimiga do nosso salário, quanto maior a inflação, menos o nosso dinheiro vale. A saída é reaver as escolhas. Muitas pessoas estão cancelando TV à cabo, diminuindo gastos com lazer e também com diaristas”, diz Carlos Eduardo. O profissional finaliza explicando que a solução para as profissionais é tentar ampliar o número de clientes, para poder voltar a ter agenda mais cheia, e, se não for possível, buscar outra atividade para poder complementar a renda.
A pesquisa do MercadoMineiro consultou 30 profissionais/agências, entre os dias 20 a 22 de abril de 2022, tendo sido escolhidas aleatoriamente em jornais e classificados.