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Estado de Minas PELOTAS PARA EXPORTAÇÃO

Samarco comemora retomada com venda de 10 milhões de toneladas de minério

Empresa faturou R$ 9 bilhões em 2021 e busca uma retomada gradual com foco em segurança


28/04/2022 20:23 - atualizado 28/04/2022 20:23

Navio no porto de Ubu, Em Anchieta, Espírito Santo
O 100° navio sendo embarcado com as pelotas de minério desde a retomada das atividades, em dezembro de 2020 (foto: Jeferson Roccio/ Samarco/Divulgação )
A mineradora Samarco alcançou a produção acumulada de 10 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério em abril, quando completou um ano e quatro meses da retomada gradual de suas operações nos complexos de Germano, em Minas Gerais, e Ubu, no Espírito Santo. 

 

A empresa, que opera com 26% de sua capacidade total, encerrou 2021 com R$ 9 bilhões de faturamento e gerou mais R$ 1,1 bilhão em tributos nos estados onde atua, incluindo o montante gasto por fornecedores em compras para a companhia. 


Para 2022, a empresa prevê investimentos de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Além da sustentação da retomada gradual das operações e da infraestrutura geotécnica, o valor será destinado aos projetos de descaracterização da barragem e cava de Germano, em andamento.

Retomada gradual 

Após o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, a Samarco teve as licenças suspensas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e as operações embargadas. No final de 2017, conseguiu recuperar a licença para voltar a produzir. Segundo Rodrigo Vilela, presidente da empresa, a retomada está sendo feita de forma gradual, responsável e cautelosa.   

“Estamos retomando com muita responsabilidade, uma retomada desenhada com muita cautela. Conhecemos qual a nossa responsabilidade, seja ela empresarial, social ou do setor. Além da retomada, precisamos garantir que a gente avance na descaracterização da  cava e da barragem de Germano e é fundamental garantir a segurança de todas essas instalações.” 

A empresa opera, desde dezembro de 2020, com 26% da sua capacidade total, utilizando um concentrador no Complexo de Germano, uma usina de pelotização em Ubu e a operação de um dos minerodutos. Além disso, vai investir, em 2022, R$ 80 milhões na manutenção das estruturas que estão paradas.

A expectativa é que cerca de 8 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério sejam produzidas até dezembro de 2022. Da retomada operacional até o momento, foram embarcados 100 navios, tendo como principais destinos os mercados das Américas, Europa, Oriente Médio, Norte da África e Ásia. Ela também atende ao mercado interno.

A empresa deve atingir 32% da capacidade produtiva no ano que vem, 60% em 2026 e 100% em 2029, quando poderá produzir 30 milhões de toneladas de pelotas por ano. O ano de 2029 também é o prazo final para descaracterização da barragem e cava de Germano.

Produção e exportação 

A empresa possui duas categorias de produtos destinados à siderurgia: pelotas para alto forno e de redução direta. A extração e o beneficiamento do minério são feitos no Complexo de Germano, em Mariana. O mineroduto leva o produto para o Complexo de Ubu, em Anchieta, no Espírito Santo, onde ele passa pela usina de pelotização e embarca no terminal portuário. Atualmente, a empresa conta com 1.500 empregados diretos, totalizando 9.000 empregos diretos e indiretos.

Monitoramento e segurança

O diretor de Planejamento e Operações da Samarco, Sérgio Mileipe, afirma que a empresa tem uma “obsessão” em fazer mineração segura. Por isso, optaram por mudar a maneira de descartar os rejeitos. Os rejeitos de minério são formados de lama (polpa) que representa 20% e areia que corresponde a 80%.

A lama agora é depositada em uma cava, com capacidade de 10 milhões de metros cúbicos e não mais nas barragens de contenção, como a que rompeu em Mariana, em 2015. 

“A estrutura é a mais estável possível do ponto de vista geotécnico. Não tem nenhum tipo de dique ou barreira de contenção a não ser o terreno natural, que é basicamente formado por rocha. Não tem para onde a lama escapar. Essa é a alternativa que estamos usando hoje: dispor toda lama produzida em uma cava totalmente confinada, em um terreno rochoso”, afirma Mileipe.

Ele explica que a cava ainda tem recurso mineral para ser explorado, mas que a empresa decidiu utilizar o espaço mesmo assim, para garantir a segurança. “Foi a única alternativa viável, do ponto de vista de segurança para poder voltar (a produzir) com uma mineração sem barragem.”

A expectativa, no futuro, é que esse rejeito seja retirado e levado para outras estruturas que ainda dependem de licenciamento. 

Já o rejeito sólido (areia) vai para as pilhas de disposição de resíduos. Mas antes, ele passa por um processo de filtragem. “A pilha tem um limite de crescimento e alguns parâmetros como tempo para que a água seja drenada e compactação da camada de areia. É preciso obedecer um limite técnico máximo e áreas muito grandes para espalhar o material.”

Segundo Mileipe, a expectativa é que, no futuro, a lama também possa passar pelo processo de empilhamento. “Desde que a gente consiga garantir segurança na estabilidade geotécnica da estrutura.” 

O novo sistema de filtragem, na unidade de Germano, faz parte dos projetos de retomada da mineradora, com investimento de US$ 380 milhões. Ele filtra 20 mil toneladas de resíduos por dia. 

A operação de 100% da capacidade total da empresa também esbarra nas soluções e licenciamentos para que os rejeitos sejam depositados em locais seguros. “A nossa limitação hoje, no plano de negócios, é a estrutura para disposição de resíduos. Não é uma questão meramente técnica, tem a questão do licenciamento ambiental.” 

Outro gargalo é a descaracterização da barragem de Germano. “Depois que ela for descaracterizada é que poderemos avançar em uma nova área de exposição de rejeitos. Trabalhamos para achar soluções para esses rejeitos.”

A empresa também tem um Centro de Monitoramento Integrado (CMI) que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. O centro possui mais 1.500 instrumentos como câmeras, peneiras, drones, piezômetros, sirenes, radares, estações meteorológicas e acelerômetros para monitoramento, em tempo real, das estruturas na unidade de Germano. 



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