Após os aumentos da gasolina, do etanol, do diesel e do gás de cozinha anunciados pela Petrobras recentemente, os consumidores mineiros vão pagar mais caro também pelo gás natural veicular (GNV). De acordo com comunicado da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) nesta quarta-feira (4/5), o produto sofrerá reajuste de 15,35%, justificado pela variação de 20,21% do custo médio da aquisição repassada pelos supridores no começo deste mês.
A empresa alegou que a flutuação das cotas internacionais do petróleo nos últimos meses e a elevada taxa de câmbio contribuíram para a disparada do preço no mercado.
Mesmo com o aumento, a Gasmig alega que o GNV continua sendo mais vantajoso em comparação com outros combustíveis, representando uma economia de mais de 40% em relação à gasolina e de mais de 45% frente ao etanol. No entanto, para fazer a conversão no veículo, o motorista terá que investir entre R$ 3,5 mil e R$ 8 mil.
A Gasmig também reajustou a tarifa para os segmentos Industrial (11,87%), Cogeração e Climatização (15,43%), e Gás Natural Comprimido /Liquefeito (18,33%).
"Vivemos um panorama mundial que não contribui para a redução dos preços dos energéticos. Tivemos uma atividade reduzida devido à pandemia, onde vários setores foram suspensos. Com a retomada das atividades econômicas, houve um crescimento da demanda, o que contribuiu para uma aceleração do preço das commodities Como o petróleo é uma commodity importante, tivemos aumento tanto dos preços dos combustíveis, quanto do gás natural”, assegura a especialista em energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rennaly Sousa.
Segundo ela, o alto preço do gás é um grande obstáculo para a competitividade na indústria: "Temos um mercado que é segmentado, pois temos processo de extração, produção e transporte regulado pelo setor federal, mas contamos com um processo de distribuição e comercialização atualmente feito em sua maioria pelas distribuidoras, que são reguladas a nível estadual. Quando se fala das divergências entre os preços da produção e o da distribuição, colocamos as tarifas, o preço dos energéticos e os impostos. Tudo isso deve estar bem claro para que a abertura do mercado seja transparente".
Por outro lado, de acordo com a Gasmig, as tarifas do gás consumido em residências e comércios seguem congeladas até fevereiro de 2023, como anunciado pela Companhia em março deste ano.
Justiça
No mês passado, a Justiça de Minas Gerais determinou que a Petrobras reduzisse em 40% o valor do gás natural encanado. Segundo o governo de Minas, que protocolou ação por meio da Advocacia-Geral do Estado (AGE-MG), o reajuste terá que ser aplicado no contrato com a Gasmig (Companhia de Gás de Minas Gerais), com vigência de 2022 a 2025.
Pela decisão judicial, a estatal ainda terá que devolver a diferença ao consumidor final, seja pessoa física ou jurídica.
A determinação judicial terá de ser cumprida pela Petrobras pelos próximos seis meses. A decisão ocorreu após a AGE questionar o valor do contrato, 100% mais alto do que o firmado para o período de 2020 a 2023, para o fornecimento de gás.