Terceiro executivo a assumir o comando da Petrobras no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), o engenheiro José Mauro Coelho defendeu uma empresa mais engajada nas redes sociais e afirmou ser injusto culpar a estatal pela alta dos combustíveis.
Em entrevista ao Estadão, Coelho destacou que a grande mídia é importante para explicar melhor a empresa para a população, mas que vem incentivando a utilização de redes sociais.
“Claro que a grande mídia é importante, claro que a Petrobras acaba tendo recursos limitados também nessa grande mídia, mas tenho incentivado muito o nosso pessoal aqui a trabalhar com redes sociais. O pessoal já falou que estou muito ativo na rede social. Esse é um movimento importante. É onde a população está hoje, ela entende essa mídia. Temos que nos comunicar nessa mídia. Tenho incentivado. Quer se comunicar com a população? Tem que estar no LinkedIn, no Instagram, no Twitter”, pontuou.
O presidente da Petrobras também defendeu a atual política de preços da estatal e negou pressão do governo para alterar essa rota.
“O presidente Bolsonaro não me pediu absolutamente nada específico. Só pediu para eu conduzir a companhia”, disse. “Acho que o presidente já entendeu muito bem a questão de preço de mercado”, afirmou.
“O presidente Bolsonaro não me pediu absolutamente nada específico. Só pediu para eu conduzir a companhia”, disse. “Acho que o presidente já entendeu muito bem a questão de preço de mercado”, afirmou.
"A população tem que entender que, da mesma maneira que o pãozinho aumenta, o óleo de soja bateu quase 16 reais o litro, o tomate e a cenoura nem se fala, assim é o petróleo", afirmou Coelho ao Estadão.
Além disso, Coelho relembrou que o cenário para o petróleo é de muita volatilidade por causa da guerra na Ucrânia e da pandemia da COVID-19.
Petroleiros reagem
A declaração do novo chefe da Petrobras não agradou muito aos petroleiros.
Em nota, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) critica o fato de Coelho tirar da petrobras a responsabilidade pela alta dos combustíveis e que seu principal desafio à frente da petroleira será rever a comunicação, dando prioridade às redes sociais
“Tentando tirar a responsabilidade da atual diretoria da Petrobras, Coelho esquece de mencionar que pode mudar a política de preços da companhia junto com o Governo Federal. Confirmando o que a Federação Única dos Petroleiros (FUP) sempre disse: ele é mais um defensor da atual política de preços da estatal, grande responsável pela alta dos combustíveis”, diz a nota.
Segundo a FUP, o Preço de Paridade de Importação (PPI), implementado no governo do ex-presidente Michel Temer, em outubro de 2016, e mantido pela atual gestão da Petrobras, não leva em conta os custos nacionais de produção do óleo e derivados e reajusta os preços dos combustíveis com base na cotação do petróleo no mercado internacional, variação cambial e custo de importação.
Além disso, a federação explica na nota, que a participação do petróleo importado no processo de refino brasileiro atinge cerca de 6%, sendo aproximadamente 94% do processamento feito com óleo produzido no país. Ou seja, se 94% da produção é nacional, em real (R%uFF04), não faz sentido que os combustíveis acompanhem o dólar (US%uFF04).