Na reta das principais capitais brasileiras, o poder de compra dos assalariados, moradores de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, encolheu. Nos últimos 12 meses, ou seja, de abril do ano passado ao mesmo mês de 2022, a cesta básica ficou 40,2% mais cara no município.
Com menos de R$ 100 o trabalhador saía do supermercado, em abril de 2021, com ao menos sete dos 13 itens básicos que compõem a cesta na sacola: arroz, açúcar, café, feijão, leite, óleo e carne bovina. Agora, para conseguir comprar a mesma quantidade, o consumidor precisa desembolsar 19% a mais.
Para manter o equilibro do orçamento, o jeito é pesquisar. "Olha em um supermercado, olha em outro, para ver se faz diferença", afirma a dona de casa, Maria Rita Gomes. Outra estratégia usada por ela é substituir alguns alimentos. "A carne de porco está com preço melhor. A de boi está difícil de comprar", cita.
Atualmente, o divinopolitano gasta mais da metade do salário mínimo nacional líquido (55%) para comprar os produtos básicos da alimentação. Na mesma época, em 2021, o índice era de 40%.
Para arcar com os custos com alimentação, moradia, vestuário, educação, higiene, transporte, saúde e lazer, de uma família de quatro pessoas moradora de Divinópolis, salário mínimo deveria ser 4,31 vezes maior que o atual.
“Estima-se que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.223,83”, afirma o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico-sociais (Nepes) da Faculdade Una Divinópolis Nepes, Wagner Almeida, responsável pelo levantamento.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira (10/4) foi realizada entre os dias 22 e 26 de abril em seis estabelecimentos diferentes.
Cesta básica
O custo da cesta básica em abril foi de R$ 621,81. O grupo de alimentos apresentou elevação de 4,24% em relação a março, quando a média foi R$ 596,49. Os grandes vilões foram a banana-prata (50,13%) e a batata-inglesa (22,54%).
“As chuvas e o aumento da demanda provocaram redução na oferta, o que elevou o preço no varejo”, explica
Outras altas também ocorreram no leite integral (5,9%) e na manteiga (4,08%). “A menor oferta no campo, decorrente dos altos custos de produção, medicamentos, adubos, milho, soja e combustíveis, e a disputa das indústrias de laticínios pela matéria-prima elevaram o valor dos derivados lácteos no varejo”, completa.
Pelo 3º mês consecutivo, o pão francês apresentou alta de 4,17%. Isso ocorreu devido à redução da oferta de trigo no mercado externo, por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Internamente, a valorização do dólar em relação ao real fez com que o produto importado chegasse mais caro ao país.
Por outro lado, houve redução no preço do tomate (19,64%), do açúcar (2,78%) e do café em pó (0,27%).
A carne bovina segue com o maior peso (37,5%) na composição da cesta básica. O preço aumento 5,14% em abril deste ano em relação ao mês anterior. Foram pesquisados os cortes: chã de dentro e chã de fora.
A metodologia utilizada para a coleta dos dados segue as orientações sugeridas pelo Departamento intersindical de estatística e estudos socioeconômicos (Dieese).
*Amanda Quintiliano especial para o EM