Em meio a uma nova troca na presidência e no Conselho da Petrobras, cresce a tensão quanto a um possível novo aumento de preços dos combustíveis. Nesta terça-feira (24/5), a companhia completa 74 dias sem reajustar o preço da gasolina nas refinarias, cuja defasagem do valor do litro em relação ao preço de mercado está em até R$ 0,38 por litro.
Trata-se do maior intervalo sem reajustes em mais de 2 anos e meio. Analistas apontam que, diante da expectativa quanto à eleição dos novos conselheiros da estatal, a mudança, inclusive, favorece ao governo federal prolongar a decisão por mudanças de preços.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), o óleo diesel, reajustado há 15 dias, já acumula defasagem entre R$ 0,10/L a R$ 0,01/L, a depender do porto de operação. Para este tipo de combustível, o reajuste resultou em redução de R$0,69 por litro.
Já o preço da gasolina sofreu reajuste há 74 dias, em 11 de março, quando houve aumento de 18,8% nos preços domésticos. O mercado internacional e do câmbio pressionam os preços domésticos e o PPI (preço de paridade de importação) acumula redução de R$ 0,16/L desde o último reajuste. Atualmente, a defasagem está variando entre -R$ 0,26/L a R$ 0,38/L, a depender do porto de operação.
Bandeira de campanha
O presidente da Abicom, Sérgio Araújo, disse que o cenário de incertezas incomoda. "Há mais troca de presidentes da Petrobras do que de mudanças de preços", ironiza. "Com a defasagem baixa devido à melhora no câmbio e nas commodities, deve evitar um novo aumento, muito mais do que a mudança na liderança", avalia.
Para o senador Jean Paul Prates PT-RN, líder da minoria no Senado, a questão da Petrobras virou uma bandeira de campanha de Bolsonaro, que faz manobras políticas com a estatal para reforçar o discurso pró-privatização.
"Bolsonaro mascara a questão dos combustíveis, para fazer de conta aos eleitores que está trabalhando para abaixar os preços. Não está fazendo nada, e não quer fazer. A equipe econômica não quer usar as receitas extraordinárias com o petróleo alto para mitigar os preços internos. Não adianta trocar o presidente da Petrobras ou criar atrito com os governadores quando o problema esta na mão do presidente da República. Ele se esconde do dever de mudar a política de Preço de Paridade de Importação", destaca.