Dois bilhões de toneladas. Essa é a quantidade de resíduos produzidos no planeta por ano, e o desperdício de recursos na forma de resíduos ultrapassa 90%. A economia circular tem relação com ciclo, com aquilo que retorna e pode ser utilizado novamente. É possível encontrar maneiras de transformar aquilo o que seria lixo em algo útil de novo. O reaproveitamento de produtos recicláveis pode vir do papel, plástico, vidro e alumínio. Mas também do lixo eletrônico, resíduos sólidos e orgânicos.
Dados do The Circularity Gap Report 2022, que mede as lacunas existentes entre os vários países tendo em vista a economia circular, mostram cenário com índice de circularidade global em apenas 8,6%.
Em artigo sobre importância de economia circular publicado pelo Boletim Sebrae Inteligência Setorial, em março deste ano, o coordenador pedagógico do Movimento Circular, Edson Grandisoli, explica que um dos preceitos centrais é a corresponsabilização. "Todos os atores sociais que fazem parte dessa lógica de produção e consumo têm responsabilidade em reduzir perdas e desperdícios, além de implantar processos que garantam não somente a reciclagem, mas também a reutilização dos materiais que já estão em circulação."
No Brasil foi implementada, em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei que organiza a forma como o país lida com o lixo, exigindo dos setores transparência no gerenciamento de seus resíduos. Assim, todos os envolvidos no ciclo produtivo se tornam responsáveis pela diminuição dos resíduos sólidos e pela adoção de práticas mais sustentáveis.
Antes da pandemia, dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelavam que até 2019, no Brasil, 76% das empresas já desenvolviam alguma iniciativa de economia circular. Destinar adequadamente todo esse material tem sido um dos grandes desafios de gestão.
"Entretanto, é fundamental olharmos para além dos resíduos. Na verdade, é estratégico olharmos para o que acontece ao longo de toda uma cadeia que precede o descarte. Os resíduos não são gerados ao longo de toda a cadeia que envolve a extração de recursos, a produção de bens e o consumo propriamente dito. Ou seja, de forma geral, obtivemos resultados bastante limitados quando responsabilizamos somente os consumidores para descartar corretamente seus resíduos", orienta Grandisoli.
O que o consumidor pode fazer?
O coordenador do Movimento Circular aponta que é importante praticar o consumo consciente, em especial, reduzindo a quantidade e repensando na qualidade daquilo que compramos. Para isso, destaca, informação é fundamental. "Consumir de empresas responsáveis social e ambientalmente estimula novas formas de produzir e novos modelos de negócio mais responsáveis."
Separar e destinar corretamente resíduos, sem esquecer que o poder público e as empresas têm papel fundamental também nesse processo, segundo ele. "De nada adiantar separar seus resíduos recicláveis, se não há coleta seletiva na porta de sua casa."
Reduzir a quantidade de embalagens ajuda a reduzir drasticamente o volume de resíduos gerados. Realizar a compostagem em casa, ajudando a reduzir a quantidade de resíduos orgânicos produzidos no dia a dia, além de produzir adubo para uma horta doméstica.
"Vote em representantes que valorizam a criação de uma nova forma de economia. Esse é um dos principais caminhos para a criação de políticas públicas que ajudam a criar linhas de crédito e incentivos, fundamentais para a Economia Circular", sugere.