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Estado de Minas DIA LIVRE SEM IMPOSTOS

Hoje é dia de comprar sem pagar impostos

Em protesto contra a carga tributária, lojistas de todo o país aderem à ação da CDL Jovem de BH e vão vender produtos sem cobrar cerca de 40%


02/06/2022 04:00 - atualizado 02/06/2022 07:22

Em açougues da capital, cortes de carne serão comercializadas com desconto, mas consumidor deve ver se há limite para venda. São 800 lojas na capital com oferta também de gás, remédios e material elétrico
Em açougues da capital, cortes de carne serão comercializadas com desconto, mas consumidor deve ver se há limite para venda. São 800 lojas na capital com oferta também de gás, remédios e material elétrico (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press - 8/5/21)

Lojistas de todo país aderiram ao Dia Livre de Impostos, hoje, iniciativa promovida pela Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem (CDL Jovem) para protestar contra a alta carga tributária e o baixo retorno dos impostos arrecadados em bens e serviços.

Com isso, os lojistas não vão repassar, em alguns produtos ou em uma quantidade predefinida, os tributos cobrados pelo governo para o consumidor final. Em todo país, mais de 4.000 estabelecimentos vão participar, sendo aproximadamente 800 em Belo Horizonte. E os produtos livre de impostos vão de carne, chope a gás de cozinha, remédios e material de construção.

Leia também: Dia Livre de Impostos: confira lojas que vão aderir à campanha da CDL/BH

Segundo Raphael Pagani, coordenador nacional da CDL Jovem, a cobrança média de impostos sobre consumo é de cerca de 40% do valor final. “Toda vez que vamos ao supermercado, ao shopping ou comprar gasolina, a gente tá ajudando nos impostos”, aponta Pagani. Alguns dos produtos estão sendo vendidos sem impostos, mas com uma quantidade limitada por clientes.

O Brasil é o 14º país, em uma lista de 30, com a maior carga tributária. Sendo que, nesta mesma lista, o país é o último colocado no retorno dos impostos para a população, seja em forma de educação, infraestrutura, saúde, segurança e transportes. O diretor de negócios do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), Carlos Pinto, aponta que a corrupção e a má gestão acabam por contribuir negativamente para classificação ruim.

Carlos também aponta que o Dia Livre de Impostos é importante para que tenhamos “uma percepção de como teríamos uma qualidade de vida mais elevada se a cobrança não fosse sobre o consumo, mas sobre renda e patrimônio.” Para ele, a “sonegação não é um caminho”, porque os impostos são parte fundamental dos recursos usados no desenvolvimento da nação.

O brasileiro terá que trabalhar 149 dias do ano para pagar todos os impostos. E para se ter ideia do peso dos impostos, entre janeiro e ontem foram arrecadados R$ 1,21 trilhão em impostos federais, estaduais e municipais em todo o país, segundo o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo. O painel, instalado no Centro de São Paulo, mede a arrecadação de impostos em tempo real. A entidade fez ainda um levantamento que revela o peso dos tributo nos presentes para o Dia dos Namorados, que chegam a 80% no caso dos perfumes importados.

Data “O objetivo principal desse dia é mostrar para a população, através de um protesto pacífico que as pessoas pagam muito imposto nos produtos que consomem, alertar e conscientizar sobre a alta tributária no país. A essência do movimento é mostrar para a população a elevada carga tributária e a falta de retorno”, explica  o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva.

A ideia do protesto nasceu em 2003, com o CDL Jovem, órgão auxiliar com objetivo de complementar as ações da CDL-BH, identificando, treinando e desenvolvendo futuros líderes. De acordo com Marcelo, que integrou o CDL Jovem em 1989, sempre foi percebida essa necessidade de conscientizar a população sobre os tributos. “A iniciativa nasceu em BH e assim ficou por uns três anos, logo depois expandimos para o estado, e agora para todo o país.”

O presidente da CDL esclarece que não há restrição para nenhum tipo de empresa de nenhum segmento para participar do protesto, mesmo que não seja associado à CDL. “Pode ser empresa de comércio e serviços, a interessada só tem que deixar claro no site no ato da inscrição, o que ela vai colocar à disposição dos clientes sem o preço dos impostos”, explica.

De acordo com Marcelo de Souza, o final do mês de maio é quando os brasileiros começam a finalmente gastar o dinheiro consigo mesmos, pois os primeiros cinco meses são de trabalho para pagar impostos. “A data escolhida é sempre final de maio ou início de junho porque é feita uma conta. Até 1º de junho, nós trabalhamos só para pagar imposto, de acordo com a média calculada. A partir do dia 2, os ganhos do seu trabalho finalmente são seus. Então, tem esse parâmetro, de que agora ‘estou livre de impostos’. É uma carga muito pesada. Trabalhar cinco meses do ano para pagar imposto é muita coisa”, explica.

Oportunidade Marcelo destaca que o Dia Livre de Impostos é uma oportunidade de vendas, que também trará lucro para o lojista por outros motivos. “É uma oportunidade para o lojista que está com um produto estocado, por qualquer motivo, como mudança de estação ou negociações com o fabricante, trazer as pessoas para o seu estabelecimento. Participando do protesto, ele realiza vendas e mostra para as pessoas que ele está preocupado com a causa tributária”, disse.

Alguns empresários argumentam que existe a ideia de que parte dos lucros vem dos impostos embutidos nos produtos e serviços. Um exemplo é o proprietário do bar e restaurante Almanaque, Fabiano Aguiar. O chope será vendido a R$ 4,99 sem impostos, enquanto, originalmente, custa R$ 11,90 para o consumidor, devido aos impostos. O presidente da CDL-BH esclarece que o imposto será pago sim, mas não pelo consumidor desta vez. “Alguém vai assumir a responsabilidade, ou o próprio lojista/prestador de serviços, ou o fabricante, alguma parte dessa cadeia de produção. Pode haver uma divisão, o fabricante cobre metade e o lojista metade. Há uma lógica para que tudo funcione, mostrando que a CDL está preocupada com o lojista e com o consumidor.”

* Estagiária sob supervisão do subeditor Marcílio de Moraes


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