O Conselho de Administração da Petrobras deu sinal positivo ao aumento nos preços dos combustíveis em reunião extraordinária nesta quinta-feira (16/6). Segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, no portal G1, o reajuste incidirá sobre o diesel, com aumento de 10%. Já o site Valor Econômico noticiou impacto também na gasolina.
Conselheiros próximos ao presidente Jair Bolsonaro tentaram convencer seus pares a adiar o aumento, mas a sugestão foi recusada. A diretoria da Petrobras teria argumentado que a única forma de evitar a variação positiva seria o subsídio do diesel adquirido no exterior pela estatal e por importadores privados. A ideia, contudo, foi descartada pelo governo.
Os executivos da Petrobras ainda alegaram que um eventual adiamento no aumento acarretaria em importação de diesel mais caro, o que traria prejuízos para a companhia, possível escassez do combustível e ações na Justiça.
Lideranças da estatal também teriam dito que, após medidas adotadas pelos Estados Unidos, os preços da Petrobras estariam defasados em 20% e os da gasolina em 5% em comparação ao mercado internacional.
Proposta do governo
O governo federal apresentou projeto para limitar em 17% a alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de gasolina, diesel e etanol, além de energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo. Em contrapartida, os estados seriam compensados pela União com recursos de R$ 25 bilhões a R$ 50 bilhões.
O objetivo da lei é reduzir o valor dos combustíveis para o consumidor e, desta forma, tentar apagar a imagem de que a gestão de Jair Bolsonaro é responsável pela disparada de preços e não tomou nenhuma atitude para interromper a subida.
A medida foi criticada por governadores estaduais, que estimam perda de arrecadação de R$ 64 bilhões a R$ 83 bilhões com a proposta de corte de parte do ICMS.
'Interesse político'
Há algumas semanas, Bolsonaro apontou a Petrobras como responsável pela inflação dos combustíveis no Brasil. O presidente vem repetindo insistentemente que a empresa está “rachando de ganhar dinheiro”, mas sem avaliar os impactos da inflação para a população.
Nesta quinta-feira, em sua live, Bolsonaro voltou a criticar os administradores da companhia. “Quanto mais o povo está sofrendo, mais felizes estão os diretores e o atual presidente da Petrobras".
Na opinião de Bolsonaro, trata-se de “um interesse político para atingir o governo federal” caso a petroleira aumente os preços enquanto o governo negocia a redução do ICMS com os governadores.
Por sua vez, a Petrobras defende que importadores privados podem desistir de atuar no Brasil se houver contenção dos preços. Segundo a empresa, a manobra levaria a um desabastecimento de combustível no país.