O reajuste de 5,18% na gasolina e de 14,25% no diesel para as refinarias, anunciado ontem pela Petrobras, deve pressionar ainda mais a inflação, que já está em 11,73% no acumulado de 12 meses. Como a logística brasileira é fortemente atrelada ao transporte rodoviário, todas as mercadorias transportadas por rodovia — praticamente tudo o que se consome no país — vão ter o preço aumentado por causa do frete, causando uma reação em cadeia.
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Conforme projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a nova alta dos combustíveis terá impacto de 0,14 ponto percentual no IPCA, mas será diluída entre junho e julho. "No IPCA deste mês, deve ser precificado apenas metade desse aumento. A inflação deste ano, na minha estimativa, ficará em 9,2%, já considerando os efeitos desse reajuste dos combustíveis", apontou André Braz, coordenador dos índices de preços da instituição.
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O aumento anunciado ontem ocorrerá apenas na margem de lucro da petroleira e não inclui ainda a parte dos postos de revenda, que têm liberdade para fixar preços. Mas a própria estatal tem uma estimativa do efeito que o reajuste terá na bomba. Segundo a Petrobras, o preço ao consumidor da gasolina pode passar, em média, de R$ 2,81, para R$ 2,96 a cada litro vendido na bomba — uma variação de R$ 0,15 por litro. No caso do diesel, a fatia da estatal deve passar de R$ 4,42 para R$ 5,05 a cada litro vendido nos postos, uma alta de, ao menos, R$ 0,63 por litro.
Segundo André Braz, a medida que limita o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os bens essenciais, ainda pode mitigar esse aumento. "Se vier a redução no ICMS, pode ser que a inflação fique abaixo de 9% no final de 2022", avaliou Braz.
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O presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, contou que já existem distribuidoras pelo Brasil repassando o reajuste. "Em Campinas, eles já repassaram esse aumento ontem mesmo", contou.
O anúncio de mais um aumento tem preocupado principalmente quem usa o carro como meio de trabalho, que já se vê sem alternativas. "Vai dificultar o meu rendimento mensal, porque quanto mais eu tenho que pagar para trabalhar, menor é meu lucro. E eu, como trabalho nesta área, dependo dos preços. Então isso me prejudica muito", contou o motorista de aplicativo João Lucas Araújo, de 27 anos, que já pensa em mudar de tática para aceitar as corridas. "Vou ter que selecionar as que mais valem a pena."