Sempre que há um reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras, como ocorreu na semana passada, a velha discussão a respeito do kit gás natural volta à tona. Vale a pena um motorista fazer alto investimento e realizar a conversão do carro para o GNV?
Em Belo Horizonte, a procura pelo equipamento cresceu nos últimos dias, sobretudo devido aos três aumentos do preço da gasolina e outros quatro no diesel, divulgados pela estatal brasileira em 2022.
E a mudança não é só compartilhada por aqueles que trabalham essencialmente com transporte.
“Desde antes da pandemia já vínhamos observando a procura pelos kits de gás. Hoje, não temos um público-alvo. Motoristas de aplicativo e taxistas são mais assíduos, mas vemos consumidores comuns buscando essa conversão”, afirma Isabel Rodrigues, proprietária de uma empresa belo-horizontina especializada na troca da gasolina pelo GNV.
Atualmente, o custo para se fazer a conversão na capital mineira gira entre R$ 4 mil e R$ 9 mil, dependendo do modelo do veículo.
O motorista também deve pagar em torno de R$ 300 a cada inspeção anual.
O empresário Juliano Mendes, 45, optou por aderir ao gás natural, mesmo sem usar o veículo para transporte.
Insatisfeito com os aumentos sucessivos da gasolina, ele decidiu tentar economizar.
“O custo para fazer a conversão realmente é elevado, mas pelo menos fugimos dessese constantes reajustes de combustíveis, que nos fazem passar raiva”, disse.
O motorista de aplicativo Douglas Ferraz, de 38 anos, fez a mudança há um ano e meio e não se arrepende.
“A economia é muito grande. A cada 100 reais que eu gastaria com gasolina para trabalhar, o custo é de R$ 60 com o GNV. Se fosse para rodar no aplicativo usando somente gasolina, não compensaria”.
“Minha irmã dirige pouco e, mesmo assim, ela fez a conversão no carro dela. Até porque ela rodaria mais de 20 quilômetros com um metro cúbico de gás, enquanto a gasolina só permite percorrer 10 quilômetros. É uma economia grande no ano”, acrescenta.
Subisídio
Há cinco anos, a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) concede subsídio de R$ 2 mil aos condutores de veículos que optam pelo gás natural, com o objetivo de ampliar o número de veículos que usam o combustível.
O valor é depositado na conta da pessoa física ou jurídica. Naquele período, o bônus representava cerca da metade do custo para fazer a conversão.
Apesar do subsídio, a conversão costuma valer para quem costuma rodar mais de 100 quilômetros no dia a dia.
Atualmente, um metro cúbico de gás natural em Minas Gerais tem o preço-médio de R$ 5,48, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Um cálculo feito pela própria Gasmig considera que um motorista que percorre 3 mil quilômetros por mês gastaria R$ 2.071,96 abastecendo com gasolina (considerando o litro a R$ 7,39) e R$ 1.996 (com o litro cobrado a R$ 4,99).
Já com o GNV, esse custo seria de R$ 1.111,36.