Produto de melhoramento genético, a bezerra “Ravena OMJ”, que pesa 320 quilos, é de propriedade do criador Oswaldo Miranda, realizador do leilão. Um fato que chama a atenção é que, graças à tecnologia usada na reprodução animal, com apenas 12 meses a rês já poderá “reproduzir”.
Osvaldo Miranda explica que uma vaca, em condições naturais, alimentada no pasto, só entra em processo de reprodução aos 24 meses de idade. A “antecipação” da reprodução da “Ravena OMJ” só será possível por meio do uso da fertilização in vitro e da transferência de embriões. Ou seja: será usado o sistema de “barriga de aluguel”, com o embrião sendo transferido para outra rês, a “receptora”.
Miranda lembra que a tecnologia da reprodução in vitro também permitirá a obtenção de uma maior quantidade de bezerros do animal de alta qualidade genética. “Normalmente, uma vaca nelore tem 12 anos de vida reprodutiva, gerando 12 bezerros ao longo desse período. Com o uso das 'ferramentas' da fertilização in vitro e da transferência de embriões, ela poderá gerar os mesmos 12 bezerros em apenas um ano”, observa o criador.
Ele ressalta a importância do preço elevado atingido pela bezerra nelore. “O valor alcançado pelo animal é motivo de muita satisfação. Mostra o ápice da evolução genética da criação do nelore em nossa região. Além disso, é o reconhecimento do nosso trabalho pelo mercado”, afirma Oswaldo Miranda.
O pecuarista desenvolve o melhoramento genético da raça há 20 anos em uma fazenda de Montes Claros.
Preço médio em leilão é comemorado
Foram vendidos no leilão de nelore na Expomontes dessa terça-feira 34 animais (31 machos e três fêmeas), com o preço médio de R$ 29,4 mil por cabeça. No mesmo arremate, um touro foi negociado por R$ 52,5 mil, sendo também o valor recorde de um exemplar (macho) da raça nelore da feira agropecuária de Montes Claros.
Oswaldo Miranda salienta que a média de preço de venda do leilão demonstra o melhoramento genético da raça nelore no Norte de Minas, onde os pecuaristas têm como desafio a superação da seca histórica, o que implica mais custos com a nutrição animal. “A qualidade genética do nelore na região está praticamente no mesmo nível da criação em Uberaba (Triângulo). Claro, só não atingimos preços altos dos leilões que são realizados lá”, afirma o produtor norte-mineiro.
No mesmo sentido, o diretor técnico da Sociedade Rural de Montes Claros, Marcos Mendes, salienta que o valor recorde de uma bezerra de apenas oito meses em um leilão demonstra a vocação do Norte de Minas para a criação bovina, sobretudo do nelore, uma raça de animais mais rústicos. “Nossa região tem uma magnífica vocação para a pecuária. Os preços do leilão representam um incentivo para o exercício desta vocação”, afirma Mendes.
Aberta em 1º de julho, a Expomontes prossegue até o próximo domingo no Parque de Exposições de Montes Claros, com a expectativa de comercialização de 12,5 mil animais, dos quais cerca de 11,5 mil deverão ser vendidos em nove leilões. De acordo com os organizadores, a previsão é que a feira movimente R$ 400 milhões em negócios.
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