Brasília – A Petrobras anunciou ontem redução de 4% no preço médio do litro de diesel vendido às distribuidoras. A partir de hoje, o valor passará de R$ 5,41 para R$ 5,19 por litro, ou seja, um corte de R$ 0,22. O preço final aos consumidores deve baixar R$ 0,20 considerando a mistura comercializada composta por 90% de diesel A e 10% de biodiesel. Essa é a segunda redução no diesel em agosto. A primeira ocorreu no dia 5, quando a estatal retirou R$ 0,20 no valor das refinarias. Tanto no início do mês quanto agora, os preços de outros combustíveis não foram alterados. Desde o início do ano, a cotação dos combustíveis tem pautado a agenda política do país. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou o recuo para ironizar a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito e os atos a favor da democracia que ocorrem em todo o país.
Em junho, Bolsonaro sancionou a lei que fixa a alíquota máxima do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre bens essenciais, o que inclui os combustíveis, entre 17% e 18%. A ação reduziu de imediato o preço médio do litro dos combustíveis no país.
A petroleira nega fatores eleitorais na diminuição do valor dos combustíveis feita por ela. Segundo a estatal, as reduções acompanham a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel. “É coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, disse a empresa em nota.
Apesar de não citar diretamente os movimentos pela democracia, o chefe do Executivo os ironizou, em publicação nas redes sociais momentos depois do encerramento do lançamento do manifesto pró-democracia em São Paulo. “Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel”, postou Bolsonaro. “A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual”, escreveu.
No dia 9, o presidente afirmou que "quem é democrata não tem que assinar cartinha". "Dizer a vocês que vocês têm que olhar na minha cara, ver as minhas ações e me julgar por aí. Assinar cartinha eu não vou assinar cartinha. Até pra carta. É mais do que política. Uma carta é um objetivo sério de voltar o país nas mãos daqueles que fizeram maus feitos conosco", disse, insinuando na data que o documento seria uma tentativa de colocar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de volta à Presidência.
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
Na contramão
Apesar de o grupo de transporte ter representado a maior contribuição para a queda de 0,68% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho, o óleo diesel fechou o mês com aumento de 4,59%. O percentual está acima da elevação observada em junho deste ano, que foi de 3,82%.
Embora o grupo do transporte tenha contribuído para a deflação no mês, o transportador continuou pagando a conta alta do diesel. A avaliação faz parte do Radar CNT do Transporte IPCA Julho 2022, divulgado ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) .A análise da CNT é realizada a partir da divulgação do IPCA pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra o descompasso entre o índice e o preço do combustível no acumuladode 12 meses.
Enquanto o diesel teve alta de 61,98%, observou-se queda do índice de preços do transporte – de 20,12%, acumulado em 12 meses até junho, para 12,99%, até julho de 2022. O IPCA de julho foi -0,68%.