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Estado de Minas FOME

Presidente do Ipea assina estudo que questiona aumento da fome no Brasil

Apresentado no último dia 17, pelo Ministério da Cidadania, documento traz um emaranhado de suposições de que a fome não aumentou no governo Bolsonaro


23/08/2022 13:40 - atualizado 23/08/2022 13:59

Na foto, menino carrega sacola em área de pobreza
Em um tom de propaganda eleitoral, o estudo menciona a ampliação de programas sociais e um "aumento no poder de compra em termos de cestas básicas (foto: MINERVINO JUNIOR/CB/DA.PRESS )
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erik Alencar de Figueiredo, assinou um estudo que contesta todas as recentes pesquisas que apontam o aumento no número de brasileiros em situação de insegurança alimentar ou com fome. Apresentado no dia 17 de agosto, durante uma entrevista coletiva do Ministério da Cidadania, o documento traz um emaranhado de suposições para alegar que a fome no Brasil não aumentou durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ex-subsecretário de Política Fiscal do Ministério da Economia, Figueiredo argumentou que o aumento da fome deveria ter resultado em um "choque expressivo" no aumento de internações por doenças decorrentes da fome e da desnutrição, além de um número maior de nascimentos de crianças com baixo peso.

"De forma surpreendente, esse crescimento [de insegurança alimentar e desnutrição] não tem impactado os indicadores de saúde ligados à prevalência da fome, o que contraria frontalmente a literatura especializada", diz um trecho do documento, que contém 20 páginas.


Em um tom de propaganda eleitoral, o estudo menciona a ampliação de programas sociais e um "aumento no poder de compra em termos de cestas básicas, para concluir que os brasileiros mais pobres estariam comendo melhor, o que é frontalmente contrário a todos os estudos realizados até agora sobre o tema no Brasil por instituições reconhecidas."


"Isso ocorreu possivelmente em razão dos programas sociais existentes. Nesse aspecto, merece destaque o avanço que o programa Auxílio Brasil tem representado, expandindo o número de famílias beneficiárias em todas as regiões do país e aumentando o poder de compra do benefício em termos de cestas básicas."

"Cara propaganda eleitoral"

O material não foi discutido nem recebeu parecer de outros pesquisadores, diferentemente do que costuma ser feito. A Associação dos Funcionários do Ipea (Afipea) declarou que a divulgação desses dados foi uma violação da legislação eleitoral que proíbe a publicidade institucional nos 90 dias que antecedem as eleições.

"Na tentativa de produzir efeitos e repercussão, o governo federal utiliza-se da máquina estatal para a produção do que 'aparenta ser', na realidade, uma cara propaganda eleitoral. Custa o preço da democracia, do jogo limpo e do respeito às instituições", afirmou a entidade, em nota.

Os técnicos do Ipea entendem que não podem nem dar entrevistas no período eleitoral. Tradicionalmente, o intervalo é usado para a organização e sistematização de estudos e pesquisas, que passam a ser divulgados ao fim do embargo.


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