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Estado de Minas INFLAÇÃO

IPCA volta a cair; inflação em 12 meses fica em 7,17%

Deflação foi puxada, novamente, pela gasolina; novidade é a queda do preço dos alimentos, a primeira desde novembro de 2019


11/10/2022 11:17 - atualizado 11/10/2022 14:45

Preços de oferta em frente a uma supermercado de BH.
O grupo alimentação e bebidas continuou em alta no início do segundo semestre e só agora dá sinais de alívio. A baixa desse segmento em setembro (-0,51%) é a maior desde maio de 2019 (-0,56%) (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Mais uma vez sob impacto da redução dos preços da gasolina, o Brasil registrou deflação (queda de preços) de 0,29% em setembro, informou nesta terça-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


É a maior queda do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para esse mês desde o início da série histórica, em 1994, apontou o instituto.


Trata-se do terceiro recuo consecutivo do indicador oficial de inflação do país. Analistas consultados pela agência Reuters, porém, projetavam uma queda mais forte, de 0,34%.


O IPCA havia caído 0,36% em agosto e 0,68% em julho. Uma sequência de três baixas não era verificada desde 1998.


No acumulado de 12 meses, o IPCA perdeu fôlego, mas segue em alta. O avanço foi de 7,17% até setembro, após 8,73% até agosto.


Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 4 tiveram queda em setembro, apontou o IBGE. Apesar de recuar menos do que em agosto (-3,37%), o segmento de transportes (-1,98%) contribuiu novamente com o impacto mais intenso para a deflação: -0,41 ponto percentual.


Comunicação (-2,08%) e alimentação e bebidas (-0,51%), ambos com -0,11 ponto percentual, vieram na sequência. O grupo artigos de residência também recuou (-0,13%).


Do lado das altas, destacam-se os grupos vestuário (1,77%), com a maior inflação do mês, e despesas pessoais (0,95%), com a principal contribuição positiva (0,10 ponto percentual). 

Gasolina volta a puxar deflação

Pressionado pela carestia no ano eleitoral, o governo Jair Bolsonaro (PL) apostou em cortes tributários para atenuar a inflação. Nesse sentido, o presidente sancionou em junho a lei que definiu teto para cobrança de ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações.

 

Um dos reflexos foi a queda dos preços da gasolina, que voltou a recuar em setembro. O produto teve redução de 8,33% no mês passado. Assim, exerceu o impacto individual mais intenso para a deflação do IPCA (-0,42 ponto percentual).


"Os combustíveis e, principalmente, a gasolina têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços", disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA.

Etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%) também recuaram.

"O etanol, mesmo tendo um preço livre, acaba acompanhando a gasolina, pois é um produto substituto", apontou Kislanov.

 

Alimentos têm alívio

O grupo alimentação e bebidas continuou em alta no início do segundo semestre e só agora dá sinais de alívio. A baixa desse segmento em setembro (-0,51%) é a maior desde maio de 2019 (-0,56%). O grupo não recuava desde novembro de 2021 (-0,04%).

 

Os preços do leite longa vida caíram 13,71% em setembro, contribuindo com -0,15 ponto percentual no IPCA. Apesar da redução, o produto ainda acumula alta de 36,93% nos últimos 12 meses.


Segundo Kislanov, a trégua do leite pode ser associada ao final do período de entressafra e à volta das chuvas. Esses fatores contribuem para a oferta maior do produto. Além disso, há o efeito da base de comparação elevada.


O IBGE destacou ainda a baixa nos preços do óleo de soja (-6,27%). Entre as altas, a maior contribuição (0,02 ponto percentual.) veio da cebola (11,22%). O alimento acumula inflação de 127,3% em 12 meses.


"O que está causando essa alta é o fato de a produção do Nordeste estar aquém do esperado, aliada a uma redução da área de plantio. Nos últimos 12 meses, a cebola subiu mais de 120%", indicou Kislanov.


Em 12 meses, o grupo alimentação e bebidas subiu 11,71% até setembro. Os preços da comida em nível ainda elevado impactam sobretudo o bolso dos mais pobres, que têm menos condições financeiras para enfrentar a carestia.


Bolsonaro busca melhorar sua aprovação junto aos mais pobres para tentar vencer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Lula terminou o primeiro turno à frente do atual presidente.


"O começo de ano tem bastante chuva, o que prejudica a produção de alimentos. Neste ano, as chuvas foram mais fortes ainda. E também teve o efeito da guerra entre Rússia e Ucrânia, porque são países que exportam insumos agrícolas", lembrou Kislanov.


"Com isso, tivemos inflação de custos de maneira generalizada. O que acontece é que os preços dos alimentos ficaram mais estáveis", acrescentou.


Analistas reduziram as projeções para o IPCA no acumulado de 2022 a partir da fixação do teto de ICMS. A estimativa mais recente do mercado financeiro é de alta de 5,71% até dezembro, conforme a mediana do boletim Focus, divulgado na segunda-feira (10) pelo BC (Banco Central).


Mesmo com a perda de força do IPCA, o Brasil caminha para estourar a meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. A meta perseguida pelo BC tem centro de 3,50%. O limite da medida de referência é de 5% em 2022.


A divulgação do IPCA nesta terça é a última antes do segundo turno das eleições, agendado para 30 de outubro. De acordo com analistas, o índice pode subir neste mês, passados os efeitos mais fortes da queda dos combustíveis.


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