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Estado de Minas ECONOMIA

'Lula só tem narrativa de ser pai dos pobres', diz João Roma, ex-ministro de Bolsonaro

"Fome existe no mundo todo. Daqui a pouco eu vou ter fome, você vai ter fome", diz parlamentar baiano


25/10/2022 05:05 - atualizado 25/10/2022 08:31

Deputado João Roma
Deputado João Roma (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O ex-ministro da Cidadania, deputado João Roma (PL-BA), entoa o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao minimizar o cenário de aumento da fome no Brasil e acusa o PT de criar uma narrativa para tentar desgastar o atual governo.

"Fome existe no mundo todo. Daqui a pouco eu vou ter fome, você vai ter fome. A gente está falando de pessoas que vão ter fome e não vão ter como matar essa fome", disse Roma, em entrevista à Folha de S.Paulo.

"O que eu estou dizendo é que o PT não pode acusar Bolsonaro de ter ampliado a fome, porque ele simplesmente triplicou os recursos sociais. Isso foi por uma quantidade muito maior de pessoas."

Segundo relatório das Nações Unidas, divulgado em julho, no Brasil, 61,3 milhões (cerca de 3 em cada 10 habitantes) convivem com algum tipo de insegurança alimentar, dos quais 15,4 milhões em insegurança alimentar grave, passando fome, de 2019 e 2021.

Roma rechaça críticas ao Auxílio Brasil, diz que a iniciativa atua junto com outras políticas públicas, e atribui ao programa a melhora na avaliação do governo Bolsonaro nessa reta final. Para ele, Lula tenta propagar a tese de que é o "pai dos pobres", enquanto a população sentiria uma melhora no bolso com o atual benefício.

"Quanto mais tempo demorar e o PT ficar batendo nisso aí, mais tempo as pessoas vão refletir sobre isso e vão ver que hoje a realidade é diferente."

 

PERGUNTA - O presidente conseguiu frear a expansão de Lula sobre ele no Nordeste, segundo a última pesquisa Datafolha. A que o sr. atribui isso?

JOÃO ROMA - Segundo turno é uma eleição diferente. É uma eleição que fica mais nítido para os eleitores os debates nacionais e realmente o futuro do Brasil. Só que na ponta as pessoas estão percebendo que Bolsonaro é quem de fato conseguiu efetivar grandes ganhos para essa população. O Auxílio Brasil cresceu demais, o preço da gasolina conseguiu baixar sem quebrar a Petrobras, o recorde no número de empregos.

Acho que o presidente Bolsonaro vai tomando uma certa vantagem perante o Lula, que tem meramente uma narrativa dizendo que é o pai dos pobres e tudo, mas as pessoas ganhavam menos de R$ 100 no Bolsa Família, uma grande parcela aqui no Nordeste, e hoje estão recebendo no mínimo R$ 600. Então isso começa chegando para as pessoas.

Quando o presidente diz que não existiria fome no Brasil, acha que isso atrapalha na campanha, especialmente no Nordeste? Falar a verdade nunca atrapalha. O PT mais uma vez busca uma narrativa, dizer que o Brasil voltou ao mapa da fome, que não é verdade. Houve na semana retrasada uma reunião da FAO, que é justamente o organismo que trata disso, e não está no relatório que o Brasil retornou o mapa da fome.

 

P. - Se aumentou o investimento em programas sociais, por que vimos cenas como pessoas comendo osso?

JR - Temos um avanço muito maior na política de segurança alimentar, porque nada pode ser mais impactante para o combate à insegurança alimentar do que um programa social que garante hoje a mais de 20 milhões de brasileiros o mínimo de R$ 600.

No relatório da FAO tem um detalhe, ele fala qual foi o motivo do aumento da insegurança alimentar: consequência da pandemia e da Guerra [da Ucrânia]. Não está dizendo que foi a ausência de política pública. Então é importante colocar isso com clareza para não ficar simplesmente guerra de narrativa.

 

P. - Mas, ministro, daí para falar que não tem fome no Brasil. O senhor acha que não existe fome no país?

JR - Fome existe no mundo todo. Daqui a pouco eu vou ter fome, você vai ter fome. A gente está falando de pessoas que vão ter fome e não vão ter como matar essa fome. O que eu estou dizendo é que o PT não pode acusar Bolsonaro de ter ampliado a fome, porque ele simplesmente triplicou os recursos sociais. Isso foi por uma quantidade muito maior de pessoas.

Quando a gente conseguiu implementar o auxílio emergencial, veio para o radar do estado os invisíveis, que não eram abraçados na época do governo do PT. E o PT tenta vender que na época de Lula as pessoas estavam bem e agora não estão.

A pessoa começa a ver que isso não bate, porque o benefício agora tá muito maior. Quanto mais tempo demorar e o PT ficar batendo nisso aí, mais tempo as pessoas vão refletir sobre isso e vão ver que hoje a realidade é diferente. Então, a fome vai existir no Brasil, vai existir nos Estados Unidos, vai existir em países ricos, mas hoje você tem um governo que conseguiu inclusive, com destaque, fazer um programa muito eficaz, que dá, sim, um suporte no mínimo três vezes mais amplo do que na época do governo do PT.

E de forma muito mais digna para o cidadão, porque antigamente conseguia emprego com carteira assinada e perdia o benefício. Hoje, pelo contrário, tem um estímulo para conseguir melhorar de vida.

Uma das críticas que o PT faz ao Auxilio Brasil é uma família que tem cinco filhos ganharia o mesmo que uma família de um filho só. Não é verdade. O Auxilio Brasil consegue vincular políticas públicas que são muito eficazes. Para considerar justamente a composição familiar de forma, inclusive, muito mais ampla do que havia no Bolsa Família. Hoje você tem o auxílio da primeira infância. O foco na primeira infância garante o suporte ainda mais em cada mãe que tem uma criança na faixa de 0 a 36 meses, com toda a questão de complemento, toda acompanhamento.

 

P. - Na previsão orçamentária não há recursos para pagar os R$ 600. De onde vai sair esse dinheiro?

JR - Assim como não estava no ano passado, quando nós criamos o Auxílio Brasil. Sofria-se a mesma crítica porque, de acordo com a PEC de dezembro do ano passado, dizia-se que o auxílio só iria durar até dezembro. Isso foi resolvido com a aprovação de uma medida provisória. Na mesma PEC de dezembro, se estabeleceu que benefícios sociais do governo não são atingidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Então com base nisso, a gente conseguiu tornar permanente o mínimo de R$ 400. Posterior a isso, veio a nova PEC, criando ainda mais R$ 200.

Então não precisa constar no Orçamento. Porque o Congresso Nacional pode aprovar como medida provisória, e o próprio Arthur [Lira] já disse que iria avançar nisso.

 

P. - O aumento de mais R$ 200 no auxílio aconteceu já durante a campanha. Descobriu-se a necessidade de aumentar de R$ 400 para R$ 600 durante a campanha?

JR - Não, não se descobriu isso na campanha. Desde o ano passado já se advogava por um valor maior, mas não se tinha esse valor maior. Tanto que para chegar nos R$ 400 foi uma luta.

Vocês prometeram dar o 13º para famílias chefiadas por mulheres. Especiliastas dizem que esse pico de renda no final do ano não resolve o problema das famílias, que seria só uma medida eleitoreira... Esse 13º, por que que ele não virou permanente? Porque enquanto nós estávamos avançando nisso aí, surgiu a pandemia. Eu não estava nem no governo ainda. Mas na eleição passada, o presidente já tinha prometido o 13º do Bolsa Família, foi executado uma vez, mas não foi executado por uma segunda vez porque senão ele se tornava um benefício permanente.

 

João Roma (PL), 49

Natural do Recife, é formado em direito e desenvolveu carreira política na Bahia. Foi chefe de gabinete da Prefeitura de Salvador, que era ocupada por ACM Neto (União Brasil-BA), ex-aliado, de 2013 a 2018. Em 2018, foi eleito para o primeiro mandato como deputado federal pela Bahia. Licenciou-se do cargo em fevereiro de 2021, para assumir o Ministério da Cidadania. Desligou-se da pasta em abril de 2022, para concorrer ao governo da Bahia, para o qual foi derrotado.


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