O banco Santander Brasil reportou lucro líquido de R$ 3,122 bilhões no terceiro trimestre de 2022, o que corresponde a uma queda de 28% na comparação com igual período do ano passado e de 23,5% ante o trimestre anterior, segundo balanço de resultados divulgado na manhã desta quarta-feira (26).
Segundo Mario Leão, CEO do Santander Brasil, o resultado ficou dentro das expectativas internas, à medida que, ainda ao final do ano passado, o banco anteviu uma deterioração no quadro macroeconômico do país, o que o levou a pisar no freio em 2022, com uma redução na concessão de crédito, especialmente para clientes pessoa física com pior avaliação de risco.
"O momento atual é mais desafiador e ele se reflete nos resultados, mas é parte de um ciclo conhecido, antecipado, calculado, e que, portanto, não nos surpreende", disse Leão, durante conversa com jornalistas.
Ele acrescentou que o banco deve voltar a acelerar o crescimento na carteira de pessoa física quando tiver maior conforto em relação ao cenário econômico. O que significa, principalmente, uma redução consistente na inflação, que tem corroído o poder de compra da população nos últimos meses.
A carteira de crédito atingiu R$ 484,2 bilhões em setembro de 2022, crescimento de 7,5% em bases anuais e de 3,4% na comparação trimestral.
Entre as pessoas físicas, a carteira totalizou R$ 220,4 bilhões, alta de 11% na comparação anual e de 2,4% em relação ao trimestre anterior. Os maiores crescimentos na comparação anual foram nas operações de crédito pessoal (18,8%), cartão de crédito (13,3%), consignado (8,4%) e imobiliário (7,4%).
Entre as pessoas jurídicas, o destaque foi o crédito rural, com crescimento de 29,8%, e da linha de comércio exterior, com avanço de 25,4%.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do Santander Brasil encerrou o terceiro trimestre do ano em 3%, ante 2,4% há um ano e 2,9% em junho de 2022.
Entre as pessoas físicas, o índice de inadimplência atingiu 4,3% no trimestre, contra 3,3% em setembro de 2021 e 4,1% no trimestre passado.
O resultado de crédito de liquidação duvidosa, que indica as possíveis perdas que o banco poderá sofrer pelo não pagamento de clientes inadimplentes, totalizou R$ 6,209 bilhões no trimestre, alta de quase 70% no ano contra ano e de 8,1% no trimestre.
Segundo o banco, o segmento de pessoa física e a mudança no mix de produtos foram os principais responsáveis pelo aumento.
Já as receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias somaram R$ 4,734 bilhões no terceiro trimestre, queda de 2% em bases anuais e de 3% na comparação trimestral. Menores receitas de administração de fundos, cartões de crédito e corretagem foram apontadas entre as razões para a queda.
O ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido médio), que mede o nível de rentabilidade da operação das instituições financeiras, alcançou 15,6%, contra 22,4% há um ano e 20,8% no final do segundo trimestre de 2022.
"Temos claras oportunidades de crescimento, que será retomado por meio da expansão do crédito, da inadimplência reduzida e do controle de gastos", disse Leão. "A volta do crescimento, principalmente a partir do ano que vem, vai ser bastante sólida e com qualidade."
O CEO do Santander Brasil disse também que não acredita que o cenário econômico no final deste ano ou em 2023 terá uma "mudança material" relacionada a quem sair vitorioso nas eleições de domingo (30).
"A gente não acredita que a política econômica vai mudar", afirmou Leão. Ele lembrou que o BC (Banco Central) tem independência para conduzir a política monetária, e que o Brasil foi um dos primeiros países a iniciar o ciclo de alta dos juros, e deve ser um dos primeiros a iniciar uma redução, com uma provável retomada do consumo.
AÇÕES DO BANCO TÊM FORTE QUEDA NA BOLSA NESTA QUARTA-FEIRA
O mercado recebeu de maneira negativa os números do banco. As ações do Santander Brasil operavam em queda de cerca de 6% nesta manhã, contra uma queda em torno de 1% do índice de ações Ibovespa.
Na avaliação do CEO do banco, o desempenho das ações reflete a frustração dos investidores com a capacidade do Santander Brasil de contornar melhor o quadro macroeconômico.
"O cenário macro ainda adverso e a baixa atividade no mercado de capitais foram dois dos grandes impactos nos números do banco, aliados ao crescimento acelerado da sua carteira de crédito, levando ao aumento expressivo das provisões e queda do seu lucro", avaliou Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos em relatório.
Analista da Suno Research, José Eduardo Daronco disse que o aumento da inadimplência da carteira de pessoa física foi a principal responsável pela redução da rentabilidade do banco.
"Como o Santander possui uma carteira de crédito bastante exposta ao cartão de crédito, financiamento de veículos e crédito pessoal, o aumento recente das taxas de juros acabam impactando diretamente, elevando a inadimplência e fazendo com que o banco aumente a sua provisão para crédito duvidoso", explicou o analista, que espera que o banco continue com os resultados pressionados nos próximos trimestres, principalmente pela elevação das taxas de juros.
RAIO-X | SANTANDER BRASIL
Fundação: Em atividade no mercado local desde 1982
Lucro líquido no 3º trimestre de 2022: R$ 3,122 bilhões
Clientes: 57,7 milhões
Agências: 1.722
Funcionários: 51.214
Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa