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Estado de Minas COMÉRCIO VAREJISTA

Comércio de BH chega otimista ao fim de um ano de altos e baixos

Black Friday, Natal e a Copa do Mundo estimulam e podem ajudar a recuperação do comércio que, até agosto, só havia crescido 0,22% em relação ao ano anterior


10/11/2022 17:53 - atualizado 10/11/2022 18:24

Grande circulação de pessoas no Centro de BH.
O comércio já se recuperou dos dois anos de isolamento, afirma Marcelo de Souza, presidente da CDL/BH, mas o setor de serviços ainda está recompondo as perdas. (foto: Edesio Ferreira/E.M/D.A Press)
Após um ano conturbado para o comércio de varejo em Belo Horizonte, o último trimestre é de otimismo e expectativa de recuperação. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) prevê uma injeção de R$ 2,06 bilhões na economia da capital só em novembro, estimulada pela Black Friday, Copa e compras de Natal.

Esse foi o valor comercializado em novembro de 2019, antes da pandemia, mas representaria um crescimento de 1,49% em relação ao ano passado. "O comércio já se recuperou dos dois anos de isolamento mas o setor de serviços ainda está recompondo as perdas", afirma Marcelo de Souza, presidente da CDL/BH.

O ano de 2022 começou bem: o primeiro trimestre foi de ganhos, e as expectativas subiram. Mas, a partir de junho, o cenário de inflação, desemprego e alta taxa de juros jogaram um balde de água fria na economia. As vendas não só deixaram de crescer, mas caíram na variação mensal.

“A gente estava acompanhando uma recuperação desde o começo do ano. Bons resultados na Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Namorados. A expectativa era que o Dia dos Pais também voltasse [aos níveis pré-pandemia], mas não voltou. Assustou um pouco. Mas já vimos, agora em outubro, um início de recuperação. Isso aumentou as expectativas para esse último trimestre. O mês de dezembro é o melhor mês de vendas do ano”, disse Marcelo, estimando que, se os ventos soprarem na direção correta, é possível fechar o ano com crescimento de 2,5% a 3% em relação ao ano passado.

A favor desse otimismo está a redução do desemprego e da inflação. Os consumidores também estão menos pessimistas em relação a esses dois indicadores, de acordo com a pesquisa do Índice de Confiança do Consumidor, do Ipead/UFMG. Mas, mesmo assim, a pretensão de compra em outubro é menor que no mesmo mês do ano passado: de 43,10, ela caiu para 42,73 pontos, em uma escala de 0 a 100. Ou seja, tem menos gente disposta a gastar.

Marcelo entende que a causa desse fenômeno é o endividamento e o aperto recém superado. As famílias passaram por um longo período com a renda achatada; estão respirando um pouco agora, e vai levar um tempo para aumentar a disposição a gastar. “Apesar do ambiente melhor, elas estão endividadas e têm um pé atrás. Tem um gap para aumentar a segurança”, comenta. Elas querem saber se essa melhora veio pra ficar, ou não.

Digital X físico

aumento do volume do comércio eletrônico é uma preocupação adicional para o varejo de lojas físicas. Só em 2021, o crescimento foi de 26,9%, alcançando R$ 161 bilhões de faturamento – e a evolução trimestral em 2022 manteve a tendência. Manter boas vendas fisicamente tem exigido boas estratégias dos lojistas, mas, segundo Marcelo, um fator cultural tem jogado a seu favor.

“O mineiro tem uma característica que é a exigência de confiabilidade. Ele quer ir na loja, ver o produto, a cor, a embalagem. Se o preço for o mesmo do digital, ele fecha o negócio ali mesmo”. O presidente da CDL comenta ainda que lojas descentralizadas ganharam força na pandemia, com maior proximidade com os clientes de uma região e uma relação de maior confiança. “Vou ali na loja que está perto da minha casa, não tenho o trabalho de me deslocar. Essa descentralização está acontecendo e as lojas de bairro estão tirando proveito disso”, ressalta.

Favoritos

Os itens de vestuário serão os mais procurados nesta Black Friday, no dia 25 de novembro. É o que os lojistas estão prevendo – eles responderam a uma pesquisa da CDL/BH que roupas (37,3%), calçados (17,2%) e acessórios (7,8%) serão os itens mais vendidos. Essa também é a previsão dos consumidores: em pesquisa do Ipead/UFMG, eles responderam que entre os produtos que pretendiam comprar em outubro, 24,29% eram itens de vestuário e calçados.

Uma coisa que os lojistas querem descobrir nesse ano é o quanto o perfil das compras de Natal e Black Friday se misturaram. Marcelo afirma que durante a pandemia, o que eram datas diferentes se tornaram uma coisa só. “Na Black Friday, via de regra as pessoas compram para consumo pessoal. No Natal, para dar de presente. Por causa da pandemia, muita gente já comprou os presentes de Natal na Black Friday, de uma vez só. Nesse ano vamos tentar medir essa separação, se ela volta ou se a compra conjunta veio pra ficar”.

Com menor impacto de vendas, e dependendo de quantas rodadas o Brasil vai jogar na Copa do Mundo, estão os itens relacionados à Seleção Brasileira. Os empresários da capital esperam vender em especial bandeiras (43%), apitos, buzinas e vuvuzelas (43%), bonecos (23%), bolas (20%), alimentos temáticos (17%) e, só por último, camisas da seleção (17%).  
 
*Estagiário sob supervisão


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