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Estado de Minas COPA 2022

Inflação da Copa põe consumidor na defesa. Veja quanto subiu o kit torcedor

Embora o clima do Mundial de futebol já esteja nas ruas e impulsione negócios e expectativas bilionárias no comércio de BH, compradores estão cautelosos


21/11/2022 04:00 - atualizado 21/11/2022 19:16

Ana Júlia, comerciante
A comerciante Ana Júlia busca decoração para seu bar, mas aposta na pesquisa para encontrar preços mais em conta (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


O pontapé inicial para a Copa do Mundo, ontem, no Catar, repercute nas ruas de Belo Horizonte, onde torcedores aguardam com ansiedade a estreia da Seleção Brasileira, na próxima quinta-feira, mas já movimentam o comércio. Porém, enquanto lojistas esperam que o Mundial, nas proximidades de datas como a Black Friday e o Natal, ponha em jogo R$ 2 bilhões a mais na economia da cidade, consumidores ainda estão em clima de cautela. Assustados com a chamada “inflação da Copa”, muitos optam por fazer bastante pesquisa de preços antes de levar itens em verde-amarelo para casa.

É o que faz a comerciante Ana Júlia, de 26 anos, dona de um bar no Bairro Serrano, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Ela foi ao Centro da capital em busca de itens para decorar o estabelecimento, e também na expectativa de aumentar as vendas durante o torneio. “Espero vender muito. Acho que as pessoas vão sair para a rua, beber, aproveitar a Copa.” A jovem não tem estimativa de faturamento, mas acredita que as pessoas vão consumir mais. Porém, antes de comprar os produtos para enfeitar o bar, ela disse que estava pesquisando preços pelas lojas da região.

O auxiliar de serviços gerais Ricardo Maciel, de 50, adota a mesma tática. “Hoje só vim para olhar”, disse ele, diante de uma das lojas do Centro. Ele trabalha para o atacante do Atlético, o chileno Eduardo Vargas, e estava à procura de bandeirinhas para decorar a casa do jogador. Maciel conta que a decoração foi um pedido dos filhos de Vargas que, segundo ele, vão torcer para a Seleção Brasileira, assim como o funcionário. “Espero que eles tragam esse caneco, porque nós já passamos vexame demais”, brinca.

“KIT TORCIDA”

De fato, números mostram que o brasileiro precisa ficar atento para não ter surpresas no bolso na hora de torcer para a Seleção na Copa. Um levantamento feito pela XP mostra que os itens mais consumidos durante o torneio chegaram a registrar altas de até 100% desde a última edição do evento, há quatro anos (veja gráfico). Produtos como cerveja, carnes e televisores, que têm alta na demanda devido ao Mundial, registram inflação de dois dígitos desde 2018.
 
gráfico
(foto: Arte/EM/D.A press)
 
 

Se o brasileiro quiser trocar a TV por um modelo maior ou melhor, deve desembolsar em média 17% mais neste ano em relação ao que gastaria em 2018. Curioso é que esse é o único item a registrar quedas consistentes de preço desde 2006, atribuídos a ganhos de produtividade e mudança rápida da tecnologia. Diante dos efeitos da pandemia, porém, com o aumento da demanda e o setor severamente afetado pelo rompimento da cadeia global de suprimentos, os preços passaram a subir.

Já se a ideia é fazer um churrasco em casa para acompanhar o jogo, o brasileiro vai desembolsar em média 80% mais para comprar a carne, 18% a mais para cerveja e 24% para o refrigerante e a água. “A alta do primeiro item está associada à maior demanda global, elevação dos custos de grãos e queda da área de pastagens com a crise hídrica de 2020 e 2021. Cerveja e refrigerante, em paralelo, tiveram alta relevante de custos, especialmente de embalagens, com cotação em dólares”, afirma Jéssica Oliveira, líder regional da XP Inc. em Minas Gerais.

Existem também aqueles que preferem acompanhar os jogos fora de casa, em um bar, por exemplo. Nesse caso, o torcedor vai gastar cerca de 15% a mais para comprar a cerveja e 20% a mais para água e refrigerante. “A inflação é levemente menor em comparação à compra no supermercado, mas vale lembrar que, na média, consumir fora do domicílio é 15% mais caro”, ressalta a executiva.
 
 

O peso da amarelinha

Outro item que pode pesar no bolso do torcedor é a camisa oficial da Seleção Brasileira. Cotada a R$ 349,99 (preço no site oficial da Nike), supera em 40% o valor cobrado em 2018, bem acima da inflação acumulada no período, de 26,8%. É importante lembrar que o setor de vestuário bateu recordes para variação em 12 meses – a maior desde 1995, em meio ao Plano Real – e chegou a alcançar 16,66% em julho.O fenômeno pode ser explicado por dois fatores: desajustes nas cadeias que fornecem matéria prima para o setor, forçando o repasse do aumento de custos para os consumidores; e retomada do consumo com a reabertura da economia em meio ao quadro anterior. Por fim, o aumento e volatilidade do câmbio também contribuem, já que o produto é tabelado, ou seja, tem o mesmo valor em dólares para todo o mundo.

Outra tradição que pode impactar no orçamento do torcedor é a missão de completar o álbum da Copa, já que o produto oficial (versão tradicional) subiu 16,5%, enquanto o pacote com cinco figurinhas dobrou de preço – variação observada também em relação à Copa anterior.
 
Camisas da Seleção Brasileira nas vitrines
Entre as várias opções nas cores do Brasil, camisa oficial da Seleção custa em torno de R$ 350, uma alta de 40% em relação a 2018 (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
 

Setor de eventos na expectativa

Para criar aquele clima típico de festa, o sonho do hexa vai reunir amigos, família e colegas de trabalho em uma série de eventos, com direito a shows e atrações paralelas para acompanhar os jogos da Seleção Brasileira de Norte a Sul do país. A vice-presidente do Sindicato das Empresas de Promoção, Organização e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos de Minas Gerais (Sindiprom), Karla Delfim, prevê que, depois de quase dois anos sem grandes eventos presenciais, haverá ainda mais envolvimento dos mineiros com a competição. Motivo mais que suficiente para que o setor torça para sair da defensiva para a qual foi empurrado no auge da pandemia.
 

“As pessoas querem voltar a se encontrar e se conectar. O brasileiro quer ter seu momento de respiro. A Copa vai vir para coroar tudo isso. Além dos jogos do Brasil, estamos vendo eventos programados para assistir à disputa de outras nações que também são ícones no esporte mundial”, analisa. A pandemia fez com que o setor tivesse uma debandada de mão de obra. Agora, empresas enfrentam dificuldades para recuperar pessoal. “Tivemos dois anos muito difíceis. Estamos em um momento de revitalização. Temos muita gente nova no mercado, porque, infelizmente, perdemos muitos profissionais qualificados, que migraram de segmento no período de pandemia. A curva de eventos aumentou demais, mas a mão de obra não voltou”, conta.

Apesar disso, o setor tem conseguido se reerguer e comemora o aquecimento dos negócios impulsionado pela Copa do Mundo e também pelo reagendamento de eventos cancelados no período de pandemia. “Muitos eventos que foram cancelados ou adiados nos últimos dois anos estão acontecendo agora em 2022. É uma excelente oportunidade de gerar emprego e renda”, completa Karla Delfim.


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