Quatro em cada dez brasileiros adultos (40,05%) estavam negativados em outubro de 2022, o equivalente a 64,87 milhões de pessoas. Segundo um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgado nesta segunda-feira (21/11), este é o novo recorde da série histórica da pesquisa, que é feita há 8 anos.
No último mês, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 9,24% em relação ao mesmo período do ano anterior. “O brasileiro ainda sente no bolso os efeitos dos últimos aumentos das taxas de juros e dos preços dos alimentos. Apesar da inflação ter diminuído, no dia a dia isso ainda não é sentido nos produtos de consumo básico, que seguem aumentando. Esse cenário impacta diretamente no orçamento familiar”, observou o presidente da CNDL, José César da Costa.
O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (30,19%). O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em outubro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,92%), são 16,07 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Tal montante equivale a 47% do total deste grupo etário.
Entre os inadimplentes, 50,85% são mulheres e 49,15%, homens. “Até agora o consumo foi garantido pelo ímpeto do pós-pandemia e por estímulos fiscais, mas esse ritmo deve enfraquecer. A expectativa é de que esse cenário de inadimplência se mantenha nos próximos meses. Por isso, o consumidor deve se manter atento aos gastos e utilizar o 13º salário com muita responsabilidade, priorizando o pagamento de dívidas”, alertou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
O valor médio da dívida de cada consumidor negativado em outubro foi de R$ 3.694,06, na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para 1,98 empresas credoras. Houve uma evolução das dívidas com o setor de Bancos, que registrou crescimento de 31,82%, seguido de Água e Luz (14,39%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de Comunicação (12,63%) e Comércio (0,39%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
A expectativa é que o pagamento do 13º salário traga um alívio aos devedores, como uma oportunidade de quitar seus débitos. “O momento é de priorizar as contas e não esquecer dos pagamentos extras do início do ano. As datas comemorativas podem ser uma tentação, mas é importante resistir às compras por impulso para manter o orçamento e fechar o ano sem dívidas”, afirmou a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges.