Irineu da Silva Junior, 26, gerente do Posto São Luis, Bairro Aeroporto

Irineu da Silva Junior conta que o posto aumentou o preço no domingo, mas hoje já voltar ao preço antigo diante da medida provisória

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou no domingo (1/1), dia da sua posse, medida provisória que prorroga a desoneração dos combustíveis por 60 dias. A princípio, a gasolina teria reajuste de R$ 0,69 no primeiro dia do ano de 2023, enquanto o diesel e o etanol aumentaram R$ 0,65 e R$ 0,25, respectivamente, em todo o país. Mas isso só se a isenção de impostos federais sobre os produtos não fosse prorrogada.

A revogação já era esperada, já que o impacto poderia ser de R$ 5,8 bilhões nas receitas no primeiro ano de gestão do governo petista.

No entanto, em postos de Belo Horizonte o consumidor já sente no bolso e foi surpreendido logo no primeiro dia de trabalho.

O motorista de aplicativo Sérgio Luiz Silva, de 55 anos, que trabalha com a Uber há três anos e meio, espantou-se com o aumento da gasolina já no sábado, dia 30 de dezembro de 2022. "Fui abastecer com R$ 100 no sábado para trabalhar e me assustei com o preço de R$ 5,97 no posto da Rua Jairo Pereira com José Cleto, no Bairro Palmares. Já estava com aumento. Em outro posto, no Centro, na Rua Goitacazes, próximo da Araguari, o mesmo valor, R$ 5,97. Um absurdo".

Para conseguir trabalhar e ter algum lucro, Sérgio Luiz precisou pesquisar e acabou encontrando um posto com valor antigo: "Abasteci em outro ponto no Bairro Palmares, na Avenida Bernardo Vasconcelos, a R$ 4,86. E olha que a poucos metros do outro que já estava R$ 5,97".

 Luiz Carlos Gomes de Medeiros abasteceu no Posto Monte Santo, na Av. Pedro II, Caiçara.

Luiz Carlos Gomes de Medeiros diz que abasteceu no sábado e hoje já encontrou a gasolina mais cara

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Belo-horizontinos que passaram hoje em frente a postos na Avenida Antônio Carlos, na altura do Bairro Liberdade, viram que os preços da gasolina comum variavam entre R$ 5,79 e 5,95.

Em outros dois estabelecimentos da Avenida Pedro I, sentido rodovia MG-010 (Linha Verde), o preço era de R$ 5,09. Na mesma via, mas em direção ao Centro, um posto ainda apresentava o valor de 2022: R$ 4,89.

Luiz Carlos Gomes de Medeiros, que abastecia o carro no Posto Monte Santo, na Avenida Pedro II, bairro Caiçara, notou uma alta de R$ 0,10 em comparação a sábado. "Está mais caro e, claro, todo aumento impacta as contas, acaba onerando, já que uso o carro para trabalhar". Neste posto, a gasolina comum está a R$ 4,99, a aditivada a R$ 5,19, o álcool a R$ 3,99 e o diesel a R$ 6,69.

Lorran Patrício, 22, dedetizador. Trabalha com a moto

Mesmo com moto, mais econômica, Lorran Patrício destaca que aumento afeta seu bolso

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


O empresário Guilherme Souza, de 22 anos, assustou-se com a alta de preço: "Chegando hoje de viagem e já me deparei com esta surpresa. Começando o ano mal, mais impostos, mais peso para o bolso. Tenho amigos que trabalham como motoristas de aplicativo e já pensam em voltar para o gás porque não sabem o que vai acontecer".

Posto aumenta e volta a abaixar o preço


Irineu Lúcio da Silva Junior, de 26 anos, gerente do Posto São Luis, no Bairro Aeroporto, revelou que a ordem foi aumentar o preço no domingo (31/12), sendo R$ 1 na gasolina comum e R$ 0,40 no etanol. "Mas hoje (2/1), com a medida provisória do Lula, já recebi nova orientação. E daqui a pouco vamos voltar para o preço antigo, já que seguimos todos os decretos corretamente", disse.

Miguel Fraga, 23, Bombeiro Militar.

Miguel Fraga, Bombeiro Militar, viaja com frequência o a gasolina mais cara prejudicará seu orçamento

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


O bombeiro militar Miguel Fraga, de 23 anos, estava abastecendo para viajar. "Aumento nunca é bom. Para quem usa o carro de forma esporádica não sente tanto, mas quem trabalha com Uber, taxista e eu que viajo com certa frequência, no fim do mês, faz a diferença no orçamento. E pior, o aumento da gasolina interfere em tudo na vida, em todos os produtos e na alimentação".

Lorran Patrício, de 22 anos, dedetizador, que trabalha com sua moto, também teve um gasto maior nesta segunda-feira, primeiro dia útil do ano: "O aumento me pegou de surpresa, é complicado. Abasteço de duas a três vezes na semana, rodo muito e tive um gasto maior do que estava preparado. Mesmo a moto sendo mais econômica, pesa".

Petrobras diz que não haverá reajuste de preços nas refinarias


Em dezembro de 2022, o preço médio do litro de gasolina em Minas Gerais era de R$ 4,82, com previsão de chegar a R$ 5,50 em 2023. Será mesmo que o produto aumentará neste início de ano? Se sim, a retomada dos tributos terá impacto imediato na inflação e será sentida no bolso do consumidor.

Guilherme Souza, 22, empresário. Abasteceu no Posto São Luis, no Bairro Aeroporto

Guilherme Souza, empresário, diz que amigos motoristas de aplicativo já pensam em voltar para o gás

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


O senador Jean Paul Prates, indicado para presidir a Petrobras, declarou que a prorrogação da isenção de impostos deverá ser suspensa em março, após o governo analisar novamente a situação e o impacto da renúncia fiscal. Ele também defende a revisão da política de preços da estatal.

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No dia 30 dezembro, em nota oficial, a Petrobras informou que "não haverá reajuste de preços nas refinarias para venda de gasolina A, diesel A e GLP para as distribuidoras, com vigência a partir de 01 de janeiro de 2023".

A nota ainda continua com um alerta: "Conforme amplamente divulgado pela imprensa, as alterações nos tributos federais e estaduais, previstas para a mesma data, podem resultar em variação dos preços ao consumidor final, ainda que os preços nas refinarias não tenham sido alterados".

Tática de Bolsonaro


Em abril de 2022, o governo Jair Bolsonaro (PL) suspendeu a incidência do PIS/Cofins e da Contribuição sobre Domínio Econômico (Cide) sobre gasolina, óleo diesel, etanol e gás de cozinha, com o objetivo de amenizar o impacto da alta das cotações internacional dos combustíveis nos preços internos - medida adotada também com um olho na campanha para a reeleição do agora ex-presidente.

A área política do governo Lula venceu o primeiro round contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que não queria a prorrogação da desoneração diante do rombo nas contas, já que a isenção dos combustíveis custou mais de R$ 52 bilhões aos cofres federais. Prevaleceu o desejo de outros nomes, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o líder do governo no Congresso, Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP).