BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), afirmou na terça-feira (3) que quer criar uma comissão com representantes de sindicatos patronais, empregados, aposentados e governo para discutir o que chamou de "antirreforma" da Previdência, aprovada no governo de Jair Bolsonaro (PL).
"Quero formar uma comissão quadripartite, com a representação dos sindicatos patronais, dos sindicatos de empregados, dos sindicatos de aposentados e o governo. Nós precisamos discutir com profundidade o que foi essa 'antirreforma' da Previdência", afirmou.
Lupi, que também é presidente do PDT, tomou posse em cerimônia realizada no Ministério da Previdência. "Nós queremos que toda arrecadação destinada constitucionalmente para a Previdência esteja no balanço na Previdência", complementou. Esse debate será feito com os ministérios da Fazenda e do Planejamento, segundo Lupi.
As falas do novo ministro foram mal recebidas pelo mercado financeiro. Após o discurso, a Bolsa aprofundou a queda e encerrou o dia com recuo de 2%, aos 104.165 pontos. O dólar teve alta de 1,77% nesta terça, cotado a R$ 5,4520 na venda, maior valor desde o final de julho.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Lupi já havia criticado pontos da reforma da Previdência formulada pelo governo Bolsonaro e aprovada pelo Congresso em 2019. Ele avaliou haver "absurdos" no texto, sobretudo no que diz respeito à idade mínima para mulheres se aposentarem. Lupi defendeu uma flexibilização conforme a região do país.
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Nesta terça, o ministro falou que a Previdência não é prejuízo para os cofres públicos. "Quando, corretamente, os constituintes de 1988 criaram a proteção do BPC [Benefício de Prestação Continuada], principalmente para nossos companheiros portadores de necessidades especiais, isso acarretou um encargo de R$ 10 bilhões que são do Orçamento do Tesouro da União. Não são da Previdência", disse.
Criar portal da transparência da Previdência
Ele falou em criar um portal da transparência para concentrar os dados da Previdência e em acabar com a fila do INSS. O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, compareceu à posse. Dirigindo-se a ele, Lupi criticou os juros do empréstimo consignado oferecido a aposentados. "Nós não podemos cobrar as taxas de juros que se cobram dos empréstimos consignados. É desleal para quem é pobre, para quem ganha um salário mínimo", afirmou.
Lupi foi confirmado para o comando da pasta em 29 de dezembro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fechou o desenho do primeiro escalão de seu governo.
No discurso, Lupi agradeceu a Lula e afirmou que "só ele e [Nelson] Mandela [ex-presidente da África do Sul] conseguiram sair das profundezas da injustiça e chegarem de volta ao poder pelo voto popular."
Antes de aceitar a Previdência, o PDT vinha conversando com o PT nos últimos dias para tentar negociar uma pasta que pudesse fortalecer o partido para as eleições de 2024 e 2026. A ideia é que fosse um ministério com ação "na ponta".
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