São Paulo – A Bolsa de Valores brasileira fechou em alta ontem apoiada na recuperação da Petrobras, cujas ações sofreram baixas recentes diante do temor de investidores locais com a agenda econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ata do Fed, banco central americano, impediu que o Ibovespa fechasse com uma valorização ainda maior.
A alta da estatal acelerou no início da tarde, após a agência Bloomberg publicar notícia em que o senador petista Jean Paul Prates, escolhido de Lula para comandar a empresa, diz que a estatal revisará a forma como calcula a necessidade de reajustes de preços, mas que eles continuarão em linha com os praticados internacionalmente. Ele afirmou ainda que o governo não fará nenhuma intervenção direta no mercado definindo preços. Mais tarde, Prates afirmou que pretende rever a política de paridade em relação aos preços para importação de petróleo -que leva em conta custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias.
A ação PN da Petrobras chegou a subir mais de 5% após as declarações de Prates, e fechou em alta de 3,17%. Isso em mais um dia de queda forte do petróleo. O barril do tipo Brent estava em queda de quase 5% pouco depois das 18h, cotado a US$ 78,01. Nos dois primeiros dias de negócios de 2023, o petróleo caiu quase 10%. O Ibovespa fechou em alta de 1,12%, aos 105.334 pontos. No meio da tarde, antes da divulgação da ata da última reunião que definiu a alta dos juros nos Estados Unidos, em dezembro, o índice chegou a subir mais de 1,30%.
Para a equipe de analistas da Ativa Investimentos, as falas de Prates impulsionam a Petrobras na Bolsa ontem. Mas mantém cautela em relação aos próximos dias. "Ainda que as falas sejam positivas no sentido de praticamente descartarem mudanças amplamente prejudiciais à saúde financeira da companhia, os papéis da empresa devem seguir observando volatilidade".
Eletrobras foi outra que teve bom desempenho ontem, com a ação ON em alta de 2,68%. Está marcada para hoje uma assembleia de acionistas que vai deliberar, entre outros temas, o resgate e posterior cancelamento das ações PNA da elétrica, com o pagamento de R$ 48,45 por por papel. O objetivo é simplificar a estrutura acionária e listar a empresa no Novo Mercado, índice que tem exigências mais rígidas de governança corporativa.
No câmbio, o dólar comercial à vista fechou estável frente ao real, cotado a R$ 5,4520 na venda, enquanto no exterior a moeda americana perdia terreno na comparação com as principais divisas mundiais. Pelo terceiro dia consecutivo, as taxas de juros dos depósitos interbancários avançaram. Os contratos com vencimento em 2024 passavam de 13,69% para 13,75% ao ano. Já a taxa DI para 2025 subia de 13,17% para 13,21%. Negociados exclusivamente entre instituições financeiras, os juros DI são referência para o crédito no país.
No exterior, as atenções se voltaram para os Estados Unidos na tarde de ontem, com a divulgação da ata da última reunião do Fed, o banco central americano, que definiu a alta dos juros para o intervalo entre 4,25% e 4,50%. Após a ata, os principais índices de ações nos Estados Unidos perderam força, movimento seguido pelo mercado brasileiro. O Dow Jones, que operava em alta antes da divulgação da ata, caía 0,10% às 16h40.
Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, classificou a ata do Fed como "dura" no que diz respeito ao combate à inflação. "Fica claro que o banco central dos Estados Unidos está preocupado com um possível cenário de recessão, com medo de errar a mão para cima nos juros. Mas também que vai perseguir a meta de inflação de 2% ao ano", afirma o economista.
Como pontos positivos, dados de inflação na Europa, melhores que o esperado, e notícias sobre um novo pacote de estímulo para o setor de construção na China. O principal índice de referência europeu fechou em alta de 1,38%.
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