A inflação dos aposentados ficou em 6,4% no ano passado, superando o reajuste de 5,93% dado aos beneficiários do INSS que ganham valores acima do salário mínimo.
O cálculo considera o IPCA Aposentados, criado pelo economista Arnaldo Lima, diretor do Instituto de Longevidade MAG, ex-secretário do Ministério da Fazenda e ex-diretor da Funpresp (fundo de pensão dos servidores federais).
O indicador também aponta perda real de renda em 11 de 16 regiões metropolitanas.
O índice tem como base a mesma variação dos itens que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE e que serve como meta de inflação. No ano passado, o IPCA ficou em 5,8%.
Mas é feita uma ponderação no peso de cada produto e serviço com base na cesta de consumo para domicílios com ao menos uma pessoa que recebe aposentadoria ou pensão -do INSS, do serviço público ou de previdência complementar, considerando dados da pesquisa de orçamento familiar do IBGE.
A lei estabelece que o valor dos benefícios pagos pelo INSS sejam reajustados anualmente com base no INPC, que mede a inflação das famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos. O IPCA, por sua vez, considera domicílios com renda de até 40 salários mínimos.
Aposentados que ganham salário mínimo tiveram reajuste de 7,43% em 2023, o que garantiu aumento real em relação a todos índices acima. O governo ainda avalia um novo reajuste do mínimo neste ano, de R$ 1.302 a R$ 1.320, a partir de 1º de maio
O consumo das famílias com aposentados se concentra relativamente mais em itens como saúde e alimentação. O gasto com transportes, educação e habitação é proporcionalmente menor.
No ano passado, a inflação foi puxada principalmente pela alta da alimentação, o que afeta mais a cesta de consumo das famílias com aposentados. Esses produtos representaram um ponto percentual a mais de inflação para essas residências.
A inflação dos aposentados ficou abaixo do IPCA 2021, mas começou a subir mais forte a partir de meados do ano passado.
Regionalmente, o índice dos aposentados ficou abaixo do reajuste do INSS em Vitória (ES), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Campo Grande (MS) e Goiânia (GO). Nesses locais, portanto, houve aumento real do benefício.
Em Belém (PA), São Luís (MA), Aracaju (SE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), a perda de renda ficou acima da média nacional.
Lima afirma que os aposentados representam uma parcela cada vez mais relevante na economia brasileira, mas que não havia um indicador de preços especificamente voltado para essa população.
O Brasil tinha 26,7 milhões de aposentados em 2021, o que representa 27% da população. Em 2012, essa participação era de 23%.
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