Notas de dólares

Notas de dólares

Foto-RaBe/Pixabay
O dólar oscilava entre estabilidade e leve queda frente ao real na manhã desta sexta-feira (10), mas continuava a caminho de fechar a semana com fortes ganhos, com investidores ainda se mostrando preocupados com a possibilidade de o Banco Central ceder a críticas do governo sobre a conduta da política monetária.

Às 10h35 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,31%, a R$ 5,2575 na venda, devolvendo ganhos iniciais.

Na B3, às 10h35 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,71%, a R$ 5,2720.

O viés negativo da divisa nesta manhã foi atribuído por alguns participantes do mercado a movimento de ajuste técnico, depois que a moeda superou pontualmente a marca de R$ 5,30 mais cedo nesta sessão. Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, disse ainda que exportadores aproveitaram o patamar elevado do dólar para ir às vendas, e também citou fluxo pontual de entrada de recursos corporativos no mercado brasileiro.

Mesmo assim, o dólar estava a caminho de encerrar a semana com alta acumulada de mais de 2%, o que marcaria sua maior apreciação semanal desde o final de dezembro.

Parte desses ganhos foi desencadeada por um coro de críticas ao Banco Central por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados, que reclamam do patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e da independência do BC.

Na Bolsa, o mercado deve reagir aos resultados do Bradesco referentes ao quarto trimestre de 2022, divulgados na noite desta quinta-feira (09).

O banco anunciou que fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões para cobrir sua exposição total à Americanas, que pediu recuperação judicial no mês passado.

A medida teve forte impacto no resultado do banco no quarto trimestre, com o lucro recorrente de R$ 1,595 bilhão ficando bastante abaixo da projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 4,4 bilhões. Na comparação frente ao mesmo período de 2021, o lucro caiu 75,9%.

A Bolsa fechou em baixa e dólar em alta, chegando ao patamar de R$ 5,27 nesta quinta-feira (9) , após notícias de que o governo pretende antecipar discussões sobre a meta de inflação.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,77%, a 108.008 pontos. O dólar comercial à vista subiu 1,44%, a R$ 5,2700 na venda. A moeda americana já acumula alta de quase 4% ante o real em fevereiro, enquanto a Bolsa cai quase 5% no mês.

Os juros com vencimentos mais curtos tiveram queda, após a divulgação da inflação de janeiro, que ficou abaixo do esperado. Os contratos com vencimento em 2024 recuaram dos 13,55% do fechamento desta quarta-feira (8) para 13,44% ao ano. Para 2025, a taxa subiu de 12,83% para 12,89%. Para 2027, a taxa apresentava alta, de 12,92% para 13,14%.

Segundo a agência Bloomberg, a equipe econômica nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera que a revisão das metas para inflação diminuiria as tensões com a atual diretoria do Banco Central.

Normalmente, o CMN (Conselho Monetário Nacional) discute estas metas em junho. Mas a deliberação poderia ser antecipada para rever a meta de 3,25% ao ano para 2023, e 3% ao ano para 2024 e 2025.

Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seria a favor da alteração nas metas.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), disse nesta quinta-feira (9) que desconhece debate no governo sobre mudança da meta de inflação.

Nesta quinta-feira, foi divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro, com alta de 0,53% ante dezembro, e de 5,77% em 12 meses. A maior pressão veio da categoria Alimentos e Bebidas, com avanço de 0,59%.

O Santander Brasil revisou para cima nesta quinta-feira suas projeções para os patamares de inflação e taxa de juros até 2025, chamando a atenção para incertezas relacionadas à aprovação de reformas macroeconômicas e riscos para a estabilização da dívida pública.

O IPCA deve encerrar 2023 com alta de 5,9%, estima o Santander, contra 5,4% estimados antes. Para o ano que vem, a projeção de inflação subiu a 3,7%, ante 3,5%.

Com expectativa de uma inflação mais alta, o Santander passou a enxergar a taxa Selic em 13,00% ao final de 2023, contra 12% previstos em cenário anterior. A taxa está atualmente em 13,75%.

Entre as ações, destaque para as preferenciais de Gerdau e Metalúrgica Gerdau, que caíam quase 8% pouco depois das 17h30. Os bancos JP Morgan e Goldman Sachs rebaixaram suas recomendações para os papéis, de Compra para Neutra.

No caso da Gerdau, o preço-alvo da ação preferencial caiu para R$ 32,50, no caso do JP Morgan, e para R$ 31,00, no caso do Goldman Sachs. Nesta quinta, a ação opera na casa dos R$ 29,25.

As ações preferenciais e ordinárias do Bradesco recuavam cerca de 2,30%, pouco antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022, que será realizada após o fechamento da Bolsa nesta quinta.

Outro destaque ficou com a ação ordinária da Marisa, que caiu mais de 22% nesta quinta-feira, e fechou cotada a R$ 0,82, depois da renúncia do presidente executivo em meio a uma dívida de R$ 600 milhões.

A ação ordinária da Americanas também fechou abaixo de R$ 1,00, depois de cair quase 7,5%. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anunciou nesta quarta-feira (8) a abertura de quatro novos processos para apurar a crise na Americanas, que pediu recuperação judicial após a descoberta de "inconsistências contábeis" em seu balanço.

As Bolsas em Nova York também caíam pouco antes do fechamento, com o mercado apontando que os juros devem permanecer altos nos Estados Unidos por mais tempo que o inicialmente esperado. Entre as empresas, destaque para a Disney, que anunciou a demissão de 7 mil funcionários e corte de US$ 5,5 bilhões em despesas.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,73%, o S&P 500 recuou 0,88%%, e o Nasdaq terminou o dia com queda de 1,02%.