Máquina de coleta de vidro.

Os bares Mito Bar, Vaca Loka, America Pub, Harmonia Butiquim e Almanaque foram escolhidos para o projeto-piloto, além de supermercados e alguns condomínios residenciais.

Seiva/Divulgação
Cinco bares de Belo Horizonte reciclaram 5 toneladas de vidro neste carnaval, equivalente a 67% de todos os pontos de coleta instalados pela prefeitura. O segredo, uma máquina que tritura o vidro no local e reduz os custos com transporte, pode estar nos principais bares da capital até o ano que vem.
 
O vidro é 100% reciclável, mas o Brasil recicla apenas entre 40 e 50% do que é descartado, segundo dados da Associação Brasileira de Vidro (Abividro). Um dos motivos, explica Daniel Nascimento, é o custo com a logística, maior do que os preços pagos pela tonelada do resíduo, cerca de R$ 300.
 
Daniel é sócio-diretor do grupo mineiro Seiva, que em uma parceria com a Heineken, promete uma solução para esse gargalo. A empresa desenvolveu uma máquina que tritura o vidro no local do descarte. “O bar ou espetinho, que antes jogava a garrafa no lixo por não ter quem recolhesse, pode ter uma forma barata de descartar o grande volume de garrafas”, conta Daniel. “Atuando diretamente com o grande gerador, a capacidade de reciclagem aumenta muito”, explica.
 
Os bares Mito Bar, Vaca Loka, America Pub, Harmonia Butiquim e Almanaque foram escolhidos para o projeto-piloto, além de supermercados e alguns condomínios residenciais. O resultado foi melhor do que o esperado. Com apenas cinco máquinas, foram produzidas uma tonelada por bar na semana do carnaval. A expectativa é aumentar vertiginosamente a porcentagem de vidro reciclado durante este ano, quando mais 80 máquinas serão instaladas na capital.
 
Felipe Aguiar é gerente do Mito Bar e conta que só viu benefícios com o dispositivo, e planeja instalar um segundo. “Tem o benefício da consciência, de saber que estou contribuindo com o meio ambiente. Tem a economia mesmo, principalmente com saco de lixo e espaço. O vidro triturado ocupa 1/10 do volume dele inteiro. Meus clientes ficam mais satisfeitos com a iniciativa. E até o barulho, no fim do dia, é menor, e os vizinhos agradecem”. explica.
 
Depositado nas máquinas, produzidas nacionalmente pela empresa, a própria Seiva recolhe o vidro semanalmente. Em seguida, ele é destinado à rede de catadores Cata Unidos. A Seiva não cobra nada dos catadores, mas a contrapartida é que todo o vidro reciclado seja vendido à Owens Illinois, parceira da Seiva na economia circular.
 
Além de Belo Horizonte, existem máquinas do projeto-piloto no Rio de Janeiro e em Salvador. Desde o início do ano, 200 toneladas de vidro foram recicladas.

Coleta voluntária

Segundo a PBH, foram destinadas à reciclagem 22,5 toneladas do lixo coletado no carnaval. O vidro foi recolhido em 20 pontos, e 7,5 toneladas foram recolhidas. Os números são piores do que carnaval de 2020, quando 49,4 toneladas foram recicladas.
 
O principal problema entre as iniciativas do município e a proposta de economia circular, na opinião de Daniel, é o estímulo material. “A nossa máquina, por exemplo, oferece um desconto de R$ 10 centavos nos produtos da Heineken por cada embalagem descartada. Isso dá engajamento, uma percepção ao cliente de que ele está sendo recompensado pela reciclagem”.