Em teleconferência para detalhar o maior lucro da história das empresas brasileiras, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates tentou acalmar analistas sobre as mudanças já anunciadas pelo governo PT na estratégia da companhia.
Ele prometeu diálogo com o mercado e reforçou que a rentabilidade dos projetos será fator importante nas decisões da empresa em qualquer área de atuação. Disse ainda esperar dividendos robustos, mas "em condições diferentes" das atuais.
"Se alguém tem dúvida disso, vamos ter que provar que é bom ser sócio do governo", afirmou ele, em uma sessão de perguntas e respostas em que os analistas praticamente desconsideraram o resultado de 2022 e focaram nos planos da nova gestão.
Em relatórios divulgados após o balanço, analistas do mercado elogiaram os resultados e os dividendos, mas reforçaram preocupações com incertezas com relação às políticas que serão adotadas nos próximos anos.
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Beneficiada pela escalada de cotações internacionais do petróleo, a Petrobras fechou 2022 com lucro recorde, de R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação ao resultado de 2021. Anunciou dividendos de R$ 35,8 bilhões, mas a nova gestão propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões em uma reserva estatutária.
Prates evitou adiantar mudanças nas políticas de remuneração aos acionistas e de preços dos combustíveis, alvos de fortes críticas do PT e aliados. Em 2022, ano em que vendeu combustíveis a preços recordes, a empresa foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo.
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Sobre preço de paridade de importação, que simula quanto custaria importar os combustíveis, disse que "é o preço do nosso concorrente, não é o nosso preço". "A Petrobras vai buscar o cliente com as melhores condições para que não perca o cliente, vai buscar as condições mais competitivas."
Questionado sobre as projeções de dividendos para 2023, disse que a expectativa é que sejam "robustos", mas em condições diferentes, já que os últimos resultados foram influenciados pela escalada das cotações do petróleo após o período mais crítico da pandemia e o início da Guerra na Ucrânia.
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Mas adiantou que a empresa não privilegiará o retorno de curto prazo. "O investidor decide se quer ficar conosco ou se quer ficar com cash [dinheiro] certo de dividendos de curto prazo", afirmou.
As vendas de ativos, que ajudaram a melhorar os resultados nos últimos anos, não serão feitas "porque o governo quer". "Não vamos nos desfazer de refinarias ou de regiões inteiras do Brasil simplesmente por que o governo quer. Onde houver oportunidades pelo país ou até no exterior nós vamos perseguir."
Sua visão de futuro para a companhia, disse, é uma Petrobras que viva "mais 70 anos produzindo valor para o acionista, para os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras" -em agosto, a estatal completa 70 anos de existência.
"Uma empresa que sobreviva às intempéries, à transição energética, às gestões de governo e uma empresa que mostre, como eu disse, que ser sócio do governo em uma atividade estratégia não é uma desvantagem".
Em sua apresentação do balanço, o diretor financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, voltou a defender os resultados da gestão bolsonarista. Ele foi indicado ainda no governo Jair Bolsonaro e será substituído pela nova gestão petista.
"2022 foi o melhor ano da história da Petrobras. É um orgulho e um prazer ter feito parte dessa história", afirmou, elencando entre os avanços a redução da dívida, a elevada geração de caixa e o esforço para entregar projetos dentro dos prazos.
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