O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (2), que a Petrobras resolveu "agraciar" acionistas minoritários com a distribuição de dividendos, em vez de investir na indústria do país.
A declaração do petista, dada durante cerimônia de lançamento do novo Bolsa Família, ocorre no dia seguinte ao anúncio da companhia de lucro recorde e da distribuição de cerca de mais R$ 30 bilhões aos seus acionistas.
A elevada distribuição de dividendos pela companhia, que se tornou a segunda maior pagadora do mundo em 2022, era alvo de fortes críticas do PT. Com os novos números, a empresa terá distribuído mais de R$ 200 bilhões em dividendos pelo resultado do ano.
"Não podemos aceitar a notícia de hoje. A Petrobras, ela entregou dividendos de mais de R$ 215 bilhões quando deveria ter investido metade no crescimento econômico desse país, na indústria brasileira, na indústria naval, na indústria de óleo e gás", disse Lula, em seu discurso.
"A Petrobras, ao invés de investir, ela resolveu agraciar os acionistas minoritários com R$ 215 bilhões, tendo um livro de R$ 195 bilhões. E quanto foi o investimento da Petrobras? Quase nada", completou.
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A Petrobras fechou 2022 com o maior lucro anual da história das empresas brasileiras: R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação ao resultado de 2021, que havia sido o maior já anunciado pela estatal.
Em sua fala, Lula também comentou o PIB de 2,9% no ano passado, que disse ter sido crescimento de "nada", e voltou a defender o investimento público para melhora na economia e geração de empregos.
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"Você [ministro Wellington Dias] vai ter muito mais dinheiro para cumprir com o seu programa se a gente fizer as coisas acontecerem de verdade nesse país. E é importante saber que as empresas brasileiras, os bancos brasileiros, têm que pensar primeiro nas pessoas desse país para depois pensar nos seus lucros e nos seus acionistas", disse o chefe do Executivo.
Durante a campanha, o então candidato do PT já prometia rever a política de preços da Petrobras (PPI). As críticas de Lula neste momento ocorrem na esteira da discussão sobre tributação de combustíveis.
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Na terça-feira, o governo anunciou que retomaria a cobrança sobre gasolina e etanol a partir de 1º de março, oito meses após as alíquotas terem sido zeradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de derrubar o preço nas bombas às vésperas da eleição de 2022.
O tema gerou embate dentro e fora do governo, com divergência pública entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
A alíquota de PIS/Cofins vai subir a R$ 0,47 por litro da gasolina e R$ 0,02 por litro do etanol -ou seja, uma cobrança ainda parcial em relação aos patamares cobrados antes da desoneração. A Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) permanece zerada.
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Pouco antes do anúncio do governo, a Petrobras já havia anunciado um corte de 3,9% no preço da gasolina em suas refinarias, o que reduz o preço do litro em R$ 0,13. Segundo a estatal, o combustível passará a custar R$ 3,18 por litro a partir desta quarta (1º).
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