O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quinta-feira (2) o resultado do PIB (Produto Interno Bruto), que avançou 2,9% em 2022, acrescentando que a economia brasileira não cresceu "nada, nada, no ano passado".

 

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a desaceleração de crescimento do PIB é fruto das medidas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) no período eleitoral, o que levou o Banco Central a subir os juros -a taxa básica (Selic) encerrou 2022 em 13,75% ao ano.

 

"Houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou aumento da taxa de juros, o que explica essa desaceleração", disse o ministro, acrescentando, no entanto, que não trabalha com a perspectiva de recessão em 2023.

 

Em junho de 2022, Bolsonaro anunciou um pacote de até R$ 50 bilhões para tentar frear a inflação e conter o impacto no bolso dos consumidores, liberando benefícios sociais turbinados à população e cortando impostos.

 

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Conforme dados divulgados nesta quinta pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a economia brasileira fechou o ano de 2022 com crescimento acumulado de 2,9%. Mas a economia brasileira perdeu ritmo e recuou 0,2% no quarto trimestre em relação aos três meses imediatamente anteriores.

 

Ao criticar o desempenho da economia brasileira, Lula afirmou que será necessário investimento público para reverter esse quadro.

 

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"Não se se vocês perceberam, mas hoje foi publicado os dados [do PIB] do último trimestre do ano. A economia brasileira não cresceu nada, nada, no ano passado. Então o desafio que temos agora é fazer a economia voltar a crescer. E temos que fazer investimentos", disse o presidente da República.

 

Enquanto Haddad criticou as medidas de Bolsonaro no período eleitoral, Lula atribuiu esse resultado da economia ao baixo investimento do seu antecessor.

 

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Afirmou que a antiga gestão investiu cerca de R$ 20 bilhões nos quatro anos em que esteve à frente do país, enquanto ele vai destinar R$ 23 bilhões para esse fim apenas em 2023.

 

Lula afirmou ainda que os investimentos públicos não serão em sua gestão substitutos dos promovidos pela iniciativa privada, mas que o governo precisa ser indutor do crescimento.

 

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"A economia para crescer precisa que haja investimento privado. E se não houver investimento privado, que haja o investimento público. Não é que a gente quer que o Estado faça as coisas que a gente tem que fazer. Mas, se o governo federal não investir dinheiro como indutor do crescimento, nada vai acontecer", disse.

 

Lula

Lula afirmou ainda que os investimentos públicos não serão em sua gestão substitutos dos promovidos pela iniciativa privada

EVARISTO SA / AFP
 

 

Sem dar muitos detalhes, o mandatário afirmou que vai lançar um programa para que os bancos públicos e bancos de desenvolvimento nacionais sejam utilizados para a promoção de investimentos, gerando empregos e contribuindo para um melhor desempenho da economia.

 

O chefe do Executivo citou nominalmente a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

 

"Quero dizer aqui que a gente está lançando um programa, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o BNB, o Basa, o BNDES pode ter certeza que vão voltar a investir dinheiro para gerar emprego, gerar desenvolvimento e gerar a distribuição de renda efetiva para esse país."

 

Haddad também disse que a gestão petista está trabalhando para reverter o cenário prospectivo da economia brasileira. "Estamos em uma curva descendente agora, todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB".

 

Em janeiro, Haddad anunciou um amplo pacote de medidas com a promessa de entregar uma melhora fiscal de R$ 242,7 bilhões nas contas públicas deste ano.

 

Apesar da desaceleração da atividade econômica em decorrência do elevado patamar de juros no país, o ministro da Fazenda diz que não trabalha com a perspectiva de recessão na economia brasileira em 2023.

 

"Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão, mas evidentemente a manutenção das taxas nesse patamar enseja uma desaceleração da economia", acrescentou.

 

Mais cedo, em nota, a SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda destacou que a deterioração das condições de crédito no país em um cenário de juros elevados pode afetar o crescimento do PIB em 2023.

Segundo o órgão, a desaceleração da economia global também pode impactar negativamente a atividade econômica no Brasil ao longo deste ano.