Foto de arquivo. Fernando Haddad fala ao microfone com a bandeira do Brasil ao fundo

Ministro Fernando Haddad (PT) afirma que a reforma desenhada pelo governo será importante para a sustentabilidade fiscal do país e trará um grande choque de eficiência para a economia brasileira

Ricardo Stuckert/PR
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (13/3) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha com a perspectiva de votar a reforma tributária no Senado entre setembro e outubro, depois de passar pela Câmara dos Deputados entre junho e julho.

A declaração foi feita uma semana depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmar a empresários que o governo ainda não tem base no Congresso para aprovar reformas econômicas.

Segundo Haddad, a reforma desenhada pelo governo será importante para a sustentabilidade fiscal do país e trará um grande choque de eficiência para a economia brasileira.

"O choque de eficiência que ela vai dar na economia brasileira não é possível estimar nesse momento de tão grande que será. Fala-se entre 10% e 20% de choque do PIB [Produto Interno Bruto], mas vamos facilitar muito a vida dos investidores, dos trabalhadores e do poder público com essa perspectiva", afirmou o ministro em evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico sobre a reforma tributária e os desafios econômicos do Brasil.

O ministro afirmou também que os prazos serão calibrados para uma "transição suave". Como mostrou a Folha de S.Paulo, a cobrança dos novos tributos sobre o consumo previstos na reforma em discussão no Congresso só deve começar em 2025 no âmbito federal e em 2027 para estados e municípios, conforme avaliação do economista Bernard Appy.

O secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda é quem coordena as discussões sobre o assunto na pasta. Appy é um dos criadores de uma das PECs (proposta de emenda à Constituição) em discussão no Congresso Nacional.

 

Em entrevista à Folha, Appy afirmou que a unificação de tributos sobre o consumo é o pilar da reforma. A alíquota, no entanto, é a grande dúvida nas discussões e vai depender de forma direta das exceções setoriais a serem negociadas no Congresso.

O texto final deve ser construído a partir de duas PECs: a 45, do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que substitui cinco tributos atuais (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS); e a 110, do Senado e que propõe fusão de impostos -uma das principais diferenças em relação à 45 é que a simplificação resulta em dois tributos.

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), coordenador do grupo de trabalho na Câmara que discute a reforma tributária, quer que a PEC seja votada pelo plenário já em maio, logo após a entrega do relatório final pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

De acordo com o cronograma, o parecer deve ser entregue em 16 de maio, quando está prevista a conclusão dos trabalhos do colegiado.