Quem costuma frequentar o aeroporto de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana, sabe que os preços dos serviços no local são, em média, mais caros, se comparados aos de outros estabelecimentos da capital.
Usuários do estacionamento e dos cafés e lanchonetes do aeroporto reclamam dos valores altos, mas muitos justificam a escolha em pagar mais caro pelo conforto e praticidade que os serviços oferecem.
A advogada Lorena Cassolini, de 29 anos, foi buscar a prima que chegava de uma viagem internacional e deixou o carro no estacionamento. Ela diz que o preço é muito caro, mas paga pelo conforto e comodidade.
“Geralmente, sempre venho buscá-la ou viajar e deixo porque é mais cômodo. Há pouco tempo vim deixar a minha tia aqui e paguei R$ 50 em uma hora. Achei que era um assalto, mas era só o preço do estacionamento”, brinca.
A product owner (PO) Lorrane Pereira, de 25 anos, foi com um grupo de amigas se despedir de uma delas que está indo fazer um intercâmbio. “Resolvemos vir de carro porque ela estava trazendo malas muito grandes e vieram cinco pessoas acompanhando.”
Ela acredita que o valor pago pelo serviço é absurdo. “Viemos em dois carros, estamos pagando R$ 80 e ficamos menos de duas horas. Ainda escolhemos o econômico, mas tem outros setores mais caros”, lembra.
O gerente de vendas Diego Teixeira, de 35 anos, vai viajar para Maceió, Alagoas, e decidiu deixar o carro no estacionamento do aeroporto. Ele pagou R$ 119 e aponta o conforto como justificativa para a escolha.
“Acho que compensa. O preço que eu pagaria de transporte por aplicativo para vir e voltar seria maior. Principalmente, na hora da volta. Vou chegar em um voo mais tarde e é mais difícil conseguir carro’, explica.
Há três categorias de estacionamento no aeroporto, com preços que variam conforme a proximidade de cada um dos terminais de embarque e desembarque. Confira:
Estacionamento Premium Plus
- Diária: R$ 90
- Hora: R$ 25
Estacionamento Premium
- P1: Diária: R$ 60 / Hora: R$ 20
- P2: Diária: R$ 80 / Hora: R$ 25
- P3: Diária: R$ 60 / Fração de 30 minutos: R$ 10
Estacionamento Econômico
- Diária: R$ 40
- Fração de 30 minutos: R$ 9
Para efeito de comparação, um estacionamento na Savassi, Região Centro-Sul de BH, tem diária de R$ 40, a hora custa R$ 12 e a fração de 30 minutos R$3. Já no centro da capital, a diária custa R$ 45, a hora R$ 14 e a fração de 30 minutos R$ 10. Em outro estabelecimento no Barreiro, o valor da diária é R$ 35, a hora sai a R$ 12 e a fração de 30 minutos a R$ 6.
‘Preço de aeroporto’
O valor do estacionamento não é o único motivo de reclamação dos usuários. Quem precisa ou decide fazer um lanche antes de pegar o voo ou após desembarcar, também acha os preços caros.
A dona de casa, Luciana Nunes, de 50 anos, classifica os valores como exorbitantes. Ela é de São Paulo, mas veio morar com o marido em BH no início do ano. Por causa do emprego dele, o casal viaja entre as duas cidades a cada 15 dias. Essa rotina faz com que os dois precisem comer no aeroporto, algumas vezes. “Dependendo do horário do voo, a gente pode almoçar ou lanchar aqui”, explica.
Ela acredita que os preços no local são, em média, 30% mais caros que em estabelecimentos semelhantes fora do aeroporto. Apesar disso, o casal prefere comer no aeroporto pela comodidade e praticidade. “Moramos a uma hora daqui. É difícil almoçar e vir. Como tem voos de hora em hora, tentamos sempre antecipar o nosso. Por isso, saímos bem mais cedo de casa. Então, chega uma hora que precisamos comer.”
A dona de casa também reclama dos altos preços nos aeroportos da capital paulista e ressalta a qualidade da comida servida em Confins. “Aqui, apesar de caro, eles conseguem manter a qualidade da comida.” Quando vai lanchar, ela opta pelo pão de queijo com café e para o almoço escolhe comida mineira. “Tem feijão tropeiro, picadinho ou peixe se quiser uma opção mais leve.”
Na cafeteria em que Luciana estava, o café expresso é vendido a R$12 e um pote com 10 unidades de pão de queijo custa R$19. Já quando escolhe almoçar no aeroporto, a dona de casa afirma gastar, em média, R$ 50, por refeição.
As amigas Silvia Bertelli, de 46 anos, que trabalha com comércio exterior, e a administradora Carla Dutra, de 45 anos, foram ao aeroporto para buscar um amigo que estava chegando do Chile. Enquanto esperavam, resolveram fazer um lanche.
“É mais ‘salgadinho’ do que estamos acostumados. É ‘preço de aeroporto’. Em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, é a média dos preços. Estou pagando R$ 11,90 por um pão de queijo e um café”, diz Bertelli. “Estou pagando R$ 12 em um capuccino, que normalmente, eu pagaria R$ 8. Não acho um preço abusivo”, afirma Dutra.
Em uma cafeteria do aeroporto, o café expresso e o pão de queijo são vendidos por R$ 7,90 e uma garrafa de 500ml de água é vendida a R$7. Já em um estabelecimento semelhante no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul, o café expresso custa R$5,50, valor 44% menor que no aeroporto. O pão de queijo é vendido a R$3, ou seja, 163% mais barato. Já a água sai por R$3,50, metade do preço no aeroporto.
Já em uma lanchonete no centro de BH, o café expresso é vendido a R$3,90, ou seja, 103% mais barato. O pão de queijo é comercializado por R$ 1,50, cerca de cinco vezes mais barato que no aeroporto. A água custa R$3,90, quase 80% mais barata.
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