A Receita Federal divulgou nota nesta sexta-feira (19) em que alerta os contribuintes sobre uma tentativa de golpe de sites que prometem antecipar a restituição do Imposto de Renda 2023.
De acordo com o órgão, os sites falam em "vantagens incríveis" para o contribuinte obter a restituição caso eles enviem dados, documentos e informações fiscais. "Em alguns casos, requerem até o pagamento de taxas a fim de "acelerar" determinado procedimento", informa a Receita.
O órgão informa que não há como antecipar restituição. Os lotes são estabelecidos pela Receita, seguindo os critérios de ordem de prioridade e data de entrega,
A consulta ao primeiro lote de restituição deve ser liberada até quarta-feira (24), e o pagamento será feito no dia 31. Os beneficiados nesta remessa serão contribuintes que estão na lista de prioridade e entregaram os seus dados até 10 de maio.
A definição dos beneficiados nos próximos quatro lotes de restituição (um a cada mês entre junho e setembro, sempre com pagamento no último dia útil) dependerá do número de contribuintes incluídos a cada lote. "Não há antecipação desta lista", destaca a Receita.
A instituição também explica que não envia comunicações eletrônicas contendo links ou pedidos para preenchimento de dados cadastrais ou fiscais.
"A Receita Federal não manda email, SMS, mensagem no WhatsApp ou Telegram solicitando alguma informação", afirma a instituição. A comunicação é feita normalmente por carta e, por isso, é solicitado que o contribuinte mantenha o endereço atualizado.
A Receita orienta que as pessoas entrem na página oficial da instituição para tirar dúvidas e façam consultas sobre a declaração através do e-CAC (Centro de Atendimento Virtual) ou no aplicativo Meu Imposto de Renda.
Como checar as pendências no e-CAC
O contribuinte precisa ter um login e senha no portal gov.br e estar com o nível prata ou ouro.
Feito o login, vá na opção "Meu Imposto de Renda (Extrato da DIRF)" e clique na aba "Processamento"
Escolha o item "Pendências de Malha". Se houver alguma inconsistência, será informado o motivo da retenção. O contribuinte precisa corrigir e enviar uma declaração retificadora.
A declaração do IR precisa ser entregue até as 23h59 do dia 31 de maio. Caso a pessoa que é obrigada a acertar as contas não cumpra o prazo, pagará multa. O valor mínimo é de R$ 165,74 e pode chegar a 20% do imposto devido no ano.
GOLPISTAS USAM IMAGENS DA RECEITA PARA FRAUDES
O uso de email, mensagem por WhatsApp ou SMS alertando sobre problemas e pedindo o envio de dados ou solicitação a instalação de programas é uma tentativa de golpe eletrônico chamada "engenharia social".
Assuntos ligados ao Imposto de Renda são usados comumente por criminosos que buscam atacar dispositivos para ter acesso aos seus dados pessoais e, principalmente, bancários. Usar o logotipo da Receita, colocar títulos impactantes que envolvam ganho ou perda de dinheiro e causar pânico no contribuinte são as artimanhas mais frequentes dos fraudadores.
Paulo Trindade, gerente de inteligência de ameaça cibernética da ISH Tecnologia, alerta para as estratégias dos criminosos. "Eles utilizam gatilhos emocionais como urgência, escassez e medo. A mensagem pede para você corrigir algo urgente, fala que você precisa corrigir uma falha ou bate no órgão que mais dói no brasileiro: o bolso."
O truque consiste em tentar enganar a vítima com o intuito de instalar um programa sem que o usuário perceba para cometer crimes virtuais. Ele usa emails (chamados de "phishing"), podendo personalizar a mensagem usando dados de quem quer atacar como nome, CPF e endereço.
A tentativa de golpe vem acompanhada de um link (texto com o sublinhado em azul), que supostamente levaria a pessoa ao site da Receita, ou então de um programa em anexo que precisa ser instalado.
"Esse link instala um malware (software malicioso que é projetado para danificar sistemas, roubar dados e até causar lentidão no computador ou celular), que pode monitorar a navegação do usuário e passar a coletar os dados quando a pessoa entrar em um banco", explica o CEO da empresa de cibersegurança AHT Security, Emilio Simoni.
Especialistas em cibersegurança recomendam que o usuário tenha atenção com os seguintes pontos
- Endereço do email normalmente é de provedor gratuito e que não tem relação com o órgão citado
- Endereço da URL não é o do site oficial da Receita
- Endereço da URL com troca de letras por grafias parecidas como a troca da vogal "O" por zero, ou usar a vogal "I" maiúscula como a consoante L
- Emails que contenham links, arquivos em anexo e aplicativos
- Mensagens com erros ortográficos no título ou no corpo do texto
A partir do momento em que é atacado, o usuário pode estar exposto a qualquer tipo de situação como lentidão no dispositivo, uso da máquina para responder a comandos do invasor, utilização dos dados pessoais para criar contas digitais falsas para pedir empréstimos ou até invasão da conta bancária e retirada de toda a quantia.
"A vítima pode ser extorquida de muitas formas e usar o Imposto de Renda é uma isca. Sempre que você detectar mensagens que ativem gatilhos emocionais, pare e pense. Nunca entre em um link que te mandaram por email. A dica é desconfiar sempre", afirma Trindade.
PREVENÇÃO COM ANTIVÍRUS E EVITAR SITES DE BUSCA
Especialistas em cibersegurança destacam outras medidas a serem adotadas pelo contribuinte. "É recomendável instalar um antivírus no computador e no celular, mantendo-o atualizado. Outra dica é evitar buscar o endereço em sites de busca, digite diretamente a URL do que você procura e não clique em links que foram enviados por email ou WhatsApp", explica Simoni.
Outro cuidado é não compartilhar o computador ou o celular com crianças e adolescentes. "As crianças podem baixar jogos e elas não têm o mesmo cuidado que os adultos. Esses programas que são baixados podem ter malwares, vírus e outras ameaças, que vão instalar nas máquinas dispositivos que comprometem a segurança. Por isso, o computador ou celular com dados bancários ou que seja usado para trabalho não devem ser compartilhados", diz Trindade.
Os especialistas também recomendam evitar o uso de redes públicas de internet e ter atenção na hora de baixar aplicativos ligados à Receita Federal. Utilize apenas as lojas oficiais (como Apple Store ou Play Store) e verifique se o fornecedor é o Serviço de Informações do Brasil, que é o responsável pelos aplicativos do governo federal.
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