Um juiz-forano de 36 anos, investidor na Bolsa de Valores, está em Belo Horizonte com a missão de distribuir parte dos lucros obtidos no mercado financeiro para desconhecidos na região Central a partir desta sexta-feira (26/5). A ação solidária, que começa nesta tarde, acontecerá por 12 dias consecutivos na capital e integra o projeto social intitulado Trader do Bem. A intenção também é fazer uma doação a uma instituição filantrópica, que o investidor ainda vai escolher.
Em entrevista ao Estado de Minas, o profissional, formado em sistema de informação pela PUC Minas, em 2008, conta que o objetivo é viajar pelo país para espalhar a solidariedade. Nesse sentido, ele anda pelas ruas, aborda os pedestres aleatoriamente, conversa um pouco com eles e oferece R$ 100 ou R$ 200. A reação espontânea das pessoas é captada por meio de uma câmera escondida e publicada na página do projeto no Instagram. Mensalmente, o investidor tem distribuído, em média, R$ 5 mil pelas ruas.
“Eu direciono esta ação para trabalhadores que estão na batalha do dia a dia, como ambulantes e entregadores. É algo que não muda a situação financeira, mas ajuda psicologicamente, pois eles passam a acreditar que outras pessoas se importam. Tem gente que até estranha minha atitude e pergunta por qual razão estou fazendo aquilo”, explica o trader, que também é mestrando em ciências da computação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pediu à reportagem para não ser identificado.
Propósito de vida em parceria com a esposa
O investidor do mercado financeiro — ou ‘trader’ — destaca que não comercializa nada no perfil do projeto. “Tudo é financiado com recurso próprio obtido por meio das operações no mercado financeiro. Prefiro manter o anonimato porque não quero ser visto como alguém que faz marketing em cima da vulnerabilidade de outras pessoas”, explica o profissional, acrescentando que o perfil Trader do Bem nas redes sociais surgiu em janeiro deste ano — idealizado em conjunto com sua esposa.
À reportagem, ela — que é doutora em enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP) — qualifica a iniciativa como um “propósito de vida” ao lado do companheiro com quem é casada há seis anos e meio. “Conheço muita gente que enfrenta problemas sociais nas grandes cidades. Juntos, pretendemos inspirar e levar esperança às pessoas”, conta a enfermeira, que também pediu sigilo em relação à identidade.
Com o surgimento do perfil nas redes sociais no início deste ano, as primeiras abordagens nas ruas aconteceram em Juiz de Fora e depois na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. O próximo destino, por enquanto, é mantido em segredo e será revelado na página do projeto no Instagram.
Operações na Bolsa e os primeiros passos da ação solidária
Em linhas gerais, um investidor do mercado financeiro realiza operações de compra e venda de ativos ou ações, beneficiando-se da variação de preços em curto prazo.
“Hoje, o mini-índice, derivativo do índice Ibovespa, é o ativo que mais opero – há cerca de dez anos. No início, esse processo ocorria manualmente por meio de uma plataforma de negociação conectada a uma conta de uma corretora de valores, que realizava as movimentações com o dinheiro que ficava nela. Então, eu tinha que apertar os botões de comprar e vender”, lembra o investidor, destacando que ele tem o Certificado Nacional do Profissional de Investimento (CNPI).
Ele conta que, há cerca de quatro anos, saiu dessa plataforma depois de conseguir desenvolver um robô para automatizar o processo de compra e venda. Porém, até chegar a esse estágio, foram anos de estudo. “Li muitos livros de referência que abordam análises técnicas para realizar a leitura dos mercados na Bolsa”, pontua.
“Desde janeiro de 2022 que, eventualmente, faço a distribuição dos lucros, mas foi no início deste ano que o projeto ganhou força com a criação do perfil no Instagram. Quando me formei, em 2008, comecei a trabalhar com desenvolvimento de software para empresas do setor privado. Paralelamente, dei início aos trabalhos no mercado financeiro pra buscar minha independência. Hoje, vivo exclusivamente dos resultados obtidos na Bolsa’’, finaliza.
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