Lula e Alberto Fernadez

A proposta de Lula de conceder garantias para financiar as exportações brasileiras para a Argentina, como outra alternativa para aliviar a crise no país vizinho, também não recebeu apoio.

MARIA EUGENIA CERUTTI
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, nesta terça-feira (30/5), que a tentativa de viabilizar uma linha de crédito para a Argentina por meio do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também chamado de Banco dos Brics, não obteve sucesso. Conforme o jornal "O Estado de S. Paulo", países associados à instituição demonstraram resistência à liberação do crédito prometido por Lula ao presidente argentino, Alberto Fernández. 

Lula acreditava que haveria apoio suficiente para modificar o estatuto do banco, uma condição necessária para concretizar a operação. No entanto, o NDB foi estabelecido com o propósito de financiar exclusivamente projetos de infraestrutura para seus membros, e não para fornecer empréstimos de liquidez a terceiros.

A proposta de Lula de conceder garantias para financiar as exportações brasileiras para a Argentina, como outra alternativa para aliviar a crise no país vizinho, também não recebeu apoio. A situação econômica da Argentina é agravada pela escassez de reservas cambiais, estimadas atualmente em cerca de US$ 2 bilhões.

De acordo com a agência espanhola Efe, Lula confirmou a um grupo de jornalistas, após o encerramento da reunião de presidentes da América do Sul em Brasília, que não foi possível realizar a operação devido à dificuldade de alterar o estatuto do banco, atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Anteriormente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou virtualmente da reunião anual de governadores do NDB em Xangai, já havia afirmado que não houve tempo suficiente para o grupo analisar o empréstimo para a Argentina. O jornal "Clarín" descreveu o resultado do encontro como 'mais uma deselegância do Brasil' em relação ao país vizinho.

Fundado em 2015 pelos países integrantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o NDB conta atualmente com a participação de Egito, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Uruguai, que foram admitidos como membros associados nos últimos anos.