O Banco Central do Brasil (BC) admitiu uma diminuição na oferta de crédito no país, porém, considera que tal movimento é compatível com a atual política monetária restritiva. Além disso, o BC avaliou o sistema financeiro nacional como 'resiliente' diante de cenários de estresse macroeconômico. A ata da última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), realizada nos dias 23 e 24 de maio e divulgada na quarta-feira (31/5), mostrou que o BC entende que o ritmo de crescimento do crédito amplo vem desacelerando em diferentes modalidades, em consonância com o atual ciclo de política monetária. A taxa Selic encontra-se em 13,75% ao ano, nível que tende a limitar a atividade econômica e a oferta de crédito ao tornar os empréstimos mais caros. O BC acredita que essa taxa de juros é adequada para conter o aumento dos preços e ancorar as expectativas de inflação.
Dados recentes confirmaram a tendência de desaceleração ao apresentarem uma queda de 17,5% nas concessões de empréstimos no Brasil em abril, em comparação com o mês anterior, e uma redução de 0,1% no estoque total de crédito no período, totalizando R$ 5,363 trilhões. Contudo, a ata do Comef ressalta que 'os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no médio prazo, embora existam incertezas a serem acompanhadas'. De acordo com o documento, o sistema financeiro nacional tem mantido capital e ativos líquidos suficientes para absorver possíveis perdas em cenários estressantes e cumprir a regulamentação vigente, demonstrando resiliência nos resultados de testes de estresse. A ferramenta utilizada considera dados do Banco Central desde 1944.
O BC apontou que o 'impacto mais severo continua sendo o observado no cenário de quebra de confiança no regime fiscal, [mas] teste de análise de sensibilidade verificou que mesmo que os ativos problemáticos dobrassem em relação a seus níveis atuais, o sistema não apresentaria desenquadramentos relevantes'. A instituição alertou que o cenário global prospectivo é adverso e apresenta 'riscos que podem levar à materialização de cenários extremos de reprecificação de ativos financeiros globais'. O BC mencionou o colapso de bancos norte-americanos, acrescentando que, nos Estados Unidos, algumas instituições financeiras ainda enfrentam dificuldades na captação de depósitos e no gerenciamento de liquidez. No entanto, 'os recentes eventos de resolução bancária observados nas economias avançadas não tiveram impacto relevante sobre o sistema financeiro brasileiro', afirmou o BC na ata do Comef. O Comitê destacou que está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e preparado para agir, minimizando possíveis efeitos desproporcionais sobre os preços dos ativos locais.
Sign in with Google
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
*Para comentar, faça seu login ou assine