Executivo

Executivo falou durante um evento promovido pela XP.

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Uma inflação em desaceleração e a fraca performance da economia brasileira podem levar o Banco Central (BC) a adotar um ciclo de redução de juros mais ousado do que o atualmente previsto pelo mercado financeiro. Essa é a opinião de José Berenguer, CEO do Banco XP. De acordo com ele, apesar dos recentes indicadores econômicos apontarem para um crescimento da atividade, 'não é o que percebemos ao conversar com nossos clientes.' Berenguer destacou que, em termos setoriais, o agronegócio apresenta um desempenho positivo, enquanto a indústria e o comércio enfrentam um momento de menor aquecimento.

Durante um evento promovido pela XP na quarta-feira (31), o executivo afirmou: 'A economia enfrentará dificuldades e estamos vendo menor pressão inflacionária, o que me faz acreditar que o BC será até mais agressivo do que imaginamos em relação à curva de juros.' No mercado de juros futuros, que sinaliza as expectativas dos investidores quanto ao nível da Selic, o contrato referente a janeiro de 2024 era negociado a 13,18%, enquanto o título para 2025 estava em 11,41%.
 

Berenguer também comentou que, diante do elevado patamar atual da taxa básica de juros (13,75% ao ano), há ativos negociados no mercado, como fundos imobiliários e voltados ao agronegócio, que estão com descontos significativos. 'Há muitos ativos baratos. O investidor lucrará ao comprar na baixa, não na alta', observou o CEO do Banco XP e ex-presidente do JP Morgan no Brasil.

Ele ainda mencionou que a emissão de títulos incentivados, que proporcionam isenção do Imposto de Renda para investidores pessoa física e têm atraído forte demanda nos últimos meses, deve perder força, com uma possível migração do interesse para ativos de maior risco. 'Temos um acompanhamento do volume que os bancos conseguem emitir [de títulos incentivados] e temos uma percepção bastante concreta de que essa capacidade está no limite', declarou Berenguer. 'Deve haver menos competição desse tipo de ativo, que afetou bastante a captação [da indústria de fundos], com um deslocamento importante de poupança para esse tipo de papel, especialmente entre clientes de alta renda', concluiu.