O bilionário chinês Bai Houshan, de 59 anos, que possui uma história de vida marcada pela humildade e paixão pela metalurgia, vem desafiando o setor automobilístico tradicional, já pressionado pela concorrência chinesa no desenvolvimento de automóveis e baterias elétricas. Como fundador e presidente da Ronbay Technology, empresa negociada em Xangai, Bai Houshan controla uma parcela significativa do mercado global de eletrodos de cátodos, componentes cruciais das baterias de veículos elétricos, que representam de 30% a 50% dos custos dos componentes.
A Ronbay tem se destacado na transição de cátodos com menor teor de níquel para materiais catódicos com alto teor de níquel e melhor desempenho, acompanhando a evolução constante da química e dos componentes das baterias em busca de menores custos de material e maior densidade energética. A tendência é corroborada pelos analistas da gestora de investimentos Bernstein, que apontam um 'claro movimento' do setor nesse sentido. Segundo a própria Ronbay, cerca de 75% dos novos veículos elétricos apresentados no Salão do Automóvel de Xangai de 2021 já contavam com essa tecnologia, reforçando o domínio da empresa no mercado de cátodos com alto teor de níquel.
Esse domínio representa um desafio para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seus colegas europeus, que pretendem investir bilhões de dólares em subsídios para alcançar a China em termos de tecnologia limpa. Cory Combs, diretor associado da consultoria Trivium China, sediada em Pequim, afirma que a tecnologia de processamento de materiais para baterias constitui a 'principal necessidade' dos EUA e da Europa para se recuperarem diante do avanço chinês.
O grupo de pesquisa britânico IDTechEx prevê que a demanda por materiais para baterias de veículos elétricos aumentará mais de 12 vezes na próxima década, alcançando um valor superior a US$ 230 bilhões até 2033. Bai Houshan pretende atender essa demanda com planos de expansão para os EUA e a Europa. A Ronbay busca atualmente locais nos dois continentes para instalar fábricas que atendam a esses mercados.
Um exemplo da visão de Bai pode ser observado na província sul-coreana de North Chungcheong, onde a Ronbay está ativando uma fábrica que faz parte dos planos de aumentar em seis vezes a capacidade de cátodo de alto níquel da empresa até 2025, em comparação com os níveis de 2021. Entre seus principais concorrentes estão rivais sul-coreanos como a EcoPro BM, negociada em Seul, e o conglomerado LG, maior produtor coreano de baterias e materiais para baterias.
Bai Houshan, cujo patrimônio líquido é estimado em US$ 1,45 bilhão, integra uma nova geração de magnatas industriais bilionários que auxiliam o presidente chinês, Xi Jinping, a alcançar metas de independência tecnológica e energética para a China. A Ronbay, fundada por Bai há 10 anos, possui os planos de expansão de capacidade mais ambiciosos do setor de cátodos, bem como os menores custos de capital, segundo a Bernstein.
A expansão da Ronbay para os EUA e a Europa poderá enfrentar desafios, como a Lei de Redução da Inflação (IRA) do governo Biden, que prevê tarifas de 25% sobre as exportações chinesas de tecnologia limpa para os EUA. No entanto, a empresa acredita que suas remessas da fábrica sul-coreana não serão afetadas pela lei. A crescente demanda global por veículos elétricos faz com que muitos países ainda dependam da Ronbay para o fornecimento de cátodos.
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